terça-feira, 5 de julho de 2016
ESTÉTICA BRASILEIRA NO SÉCULO XIX
A viajante inglesa Maria Graham ficou surpresa ao descobrir a vida enclausurada física e mentalmente (pois eram obrigatoriamente analfabetas) das mulheres da alta burguesia do Brasil Colônia, conforme registrei na postagem do dia 30 de junho de 2016.
Vale, mais uma vez, destacar que o Brasil Colônia tentou fabricar seus tecidos elegantes, mas um famoso alvará de D.Maria I (citado pelo historiador Luiz Edmundo e também por Eduardo Galeano, no seu livro "As Caras e as máscaras", editora Nova Fronteira) mandou destruir, em 1780/81, os teares do Brasil e com eles, a indústria brasileira que nascia. Em nosso país, Brasil Colônia, a rainha de Portugal, D. Maria I, só admitia teares para a indústria das fazendas grossas de algodão, das que serviam para uso e vestuário dos escravos.
Sufocado por leis cruéis, leis férreas, leis desumanas "os que vinham nos governar, com raras exceções , eram verdadeiros déspotas", o Brasil Colônia se rendeu à indústria do vestuário europeu. As mulheres ficavam sujeitas a esperar meses e meses pelos tecidos e trajes, pelos modos e modas francesas que eram embarcados em Lisboa e que muitas vezes sequer logravam chegar.
Por isso não é de se espantar que, em 1808, data do desembarque da família imperial no Brasil, o furor causado pela moda da cintura empire, alta e colhida por uma fita estreita, que se aperta nos seios, caindo em duas pontas, usada pela maioria das mulheres da comitiva real, inclusive pela Princesa Carlota Joaquina.
A transferência da família real portuguesa para a colonia Brasil mudou a situação embrutecida pelo patriarcalismo escravocrata, de acordo com a viajante inglesa Maria Graham. "As casas foram-se abrindo, decoraram-se e franquearam-se ao convívio social", afirma em suas anotações, a viajante inglesa.
As bolorentas matronas, tendo agora de aparecer para os visitantes, cuidavam-se, usavam vestidos da moda européia e até procuravam adelgaçar à custa dos espartilhos. Foram alfabetizadas, para não fazerem feio diante dos novos visitantes.
Segundo o historiador Luiz Edmundo, com a chegada da família imperial portuguesa, as mulheres da alta burguesia do Brasil Colônia ficaram curiosas pelas toilettes das fidalgas: vestidos de Lisboa! Grande novidade para uma terra em que a mulher de certa distinção não podia mostrar-se em público e que mal podia ser rapidamente percebida.
Na próxima postagem vou falar sobre a chegada da missão artística francesa e sua posterior influência na decoração doméstica.
Fontes: anotações da inglesa Maria Graham, viajante que visitou o Brasil e logrou entrar em algumas casas brasileiras, de surpresa. E mais: livros de Luiz Edmundo; o livro "As caras e as máscaras", de Eduardo Galeano, Editora Nova Fronteira e o meu livro "O Brasil tem estilo?",editora Senac, que se encontra, infelizmente, esgotado.
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