Meu primo e grande amigo me traz, de presente, uma pequena carteira que tem, estampado, o rosto da artista plástica mexicana Frida Kahlo e que está batendo recorde de venda em uma banca de jornal na zona sul do Rio de Janeiro.
E eu fico a pensar: como podem ter a Frida como ídola, quando há tantas exigências em torno do corpo feminino, dentro da nossa cultura machista e conservadora? Atualmente, no Brasil , há o medo do diferente, o medo da diversidade, o medo de pensar "fora da caixa".
Magdalena Carmen Frida Kahlo Y Calderon era uma patriota, uma comunista, uma revolucionária e perdidamente apaixonada pela cultura popular do México. Amava tanto a cultura mexicana, que adotou , na maneira de vestir, diversos e fortes elementos desta cultura.
A força de Frida Kahlo não estava no corpo super malhado, super sarado e sim na sua cabeça.
Aos seis anos Frida teve poliomelite que deixou sequelas: um pé atrofiado e uma perna mais fina do que a outra. Aos 18 anos, em 1925, ela sofreu um grave acidente de ônibus que a deixou a beira da morte: foi transpassada por uma barra de ferro, pelo abdômen e sofreu múltiplas fraturas, inclusive na coluna vertebral. Ao todo ela fez, na época , 35 cirurgias. E ela teria complicações, por causa do acidente , pelo resto da sua vida. Frida, na época, dizia: "Meu corpo carrega todas as chagas do mundo."
Posteriormente, Frida, que usava colete de gesso, teve, aos 32 anos, os dedos do pé direito amputados; aos 36 anos, fez mais cirurgias, teve problemas de úlceras, anorexia , ansiedade; aos 53 teve uma perna amputada, mas não se rendeu. Continuou na batalha pela vida e disse: "Para que eu quero pés, se tenho asas para voar?"
Para refletir: escaneadas reportagens publicadas nos dias 29 e 31 de outubro de 2017, onde se fala de uma sociedade, a nossa sociedade brasileira, que tem "horror à gordura e que admira quem renuncia à comida, palavras de Joana de Vilhena, coordenadora do Núcleo de doenças da beleza da PUC-Rio. E na terceira reportagem também publicada no jornal O Globo, "atriz diz ter sido recusada em teste por não caber em vestido 36".
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