"Ideologia possui diferentes significados. No senso comum significa ideal e contem um conjunto de ideias, pensamentos ou de visões de mundo de um individuo ou de um grupo." Fonte: redes sociais.
Como professora de história da moda procurei e sempre procuro inserir a moda na realidade, na história nacional. Por isto incentivei minha alunas a realizarem a exposição "Estética da violência", onde elas refletiram sobre como a nossa violência urbana, (infelizmente) de todo dia, influi na maneira de nos vestirmos e no nosso comportamento ao sairmos na rua.
No livro "O Brasil tem estilo?", Editora Senac, contei um pouco da história de Iara Iavelberg, assassinada durante o governo militar. Marisa Marinho, ex-aluna, se inspirou em Iara para fazer a sua monografia de final de curso de Design de moda Universidade Veiga de Almeida/Instituto Zuzu Angel.
Iara Iavelberg foi assassinada pela ditadura militar que espalhou o medo no Brasil e se uniu a outras ditaduras militares da América do Sul.
Foi na ditadura militar que o Passarinho, então ministro da cultura, "gerou" o ensino de "moral e cívica" e condenou o ensino com ideologia. Ou seja, defendia um ensino técnico sem reflexão sobre a vida cotidiana, sobre a vida dos estudantes e sobre a vida que pulsa fora dos ambientes ditos acadêmicos.
Uma pergunta: será que até hoje há quem deseje ensinar e quem deseje estudar sem refletir sobre a realidade que pulsa nas ruas?
Abaixo, escaneadas algumas reportagens, inclusive a reportagem onde a jornalista, especializada em economia, Miriam Leitão, quase cinquenta anos depois, se declara uma ex-torturada. Há também uma reportagem do extinto Correio da manhã com o então ministro Jarbas Passarinho, onde ele, entre outras coisas, "condena o ensino e o estudo com ideologia."
Em tempo: agradeço à socióloga Moema Toscano que me emprestou, para eu poder escanear, a reportagem do ex-ministro Passarinho. Moema arquivou a reportagem do Passarinho e anotou "asneiras dos 'revolucionários'".
Pois é o Passarinho era um ser com ideologia e por isso apoiou um golpe, uma revolução de extrema direita que prendeu, torturou, matou e esquartejou e "sumiu" com muita gente. Fizeram isto em nome de uma ideologia. Mas em nome da ideologia deles, aboliram a ideologia dos colégios públicos, particulares , dos cursos técnicos e das universidades públicas e particulares do país. Deu no que deu: ainda há muitos brasileiros adeptos do "tô nem aí, tô nem aí ...!, imortalizado por Miguel Paiva (vide abaixo)
Quem foi: Iara Iavelberg:
No livro "Iara" de Judith Lieblich Patarra (ed. Rosas dos Tempos), que vem a ser uma reportagem -biográfica, a autora assinala que a estudante-militante, Iara Iavelberg admirava o viver intenso e a alegria.
(....) E numa reunião da POLOP onde foi analisada a cassação dos direitos políticos do então governador Adhemar de Barros, houve uma das costumeiras discussões sobre finanças. O compromisso de contribuírem com uma percentagem de salário falhava. Naquele dia, sem calcular o impacto, Iara descreveu as novas roupa. (...) Disseram: como é que você compra o supérfluo se precisamos tanto de dinheiro? (...)
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