terça-feira, 22 de abril de 2014

MEMORIAL DE MARIA MOURA - A CRIAÇÃO DO MODO DE VESTIR

    Tenho comigo muitos livros, muitos rascunhos, muitos textos, muitos recortes de jornais. Tudo que fala sobre "o vestir" me interessa. Sempre me interessou.
Achei nos meus "tesouros de baú" uma reportagem (da jornalista Eliane Azevedo) onde a imortal escritora cearense Rachel de Queiroz   descreve o processo de criação do livro (best-seller) "Memorial de Maria Moura".
Interessante observar que ao criar o personagem, a escritora pensa, imediatamente no seu modo de vestir. Em anotações, manuscritos, emendas feitas pela autora durante a elaboração do texto, podemos ver o processo de criação da personalidade, do jeito de ser, de viver, os desejos, os sonhos, e o jeito de vestir do personagem.
"No caso da Maria Moura, quem adivinharia que a mocinha, nas primeiras anotações feitas por Rachel de Queiróz, na agenda, a escritora tinha o hábito de tomar notas em papéis avulsos -- compondo a característica dos personagens (leia, o seu modo de ser) e a sinopse da história, antes de começar o livro -- era uma viúva, com filhos e netos, "alta, magra, azeitonada, cara de índia? olhos verdes. Veste roupa de couro, perneiras, gibão, como um homem (....) Quando está amando, roupa de mulher - cabeção de renda, anágua de babados?"

Como é o romance? "O romance de Maria Moura se passa no interior do nordeste, no século 19 - provavelmente, entre 1830 e 1840 - e retrata os primórdios do cangaço. A personagem-título, ainda jovem, mora com a mãe e o padrasto, numa propriedade que pertence à família, onde levam uma vida confortável. Um dia, Maria Moura encontra sua mãe morta e descobre que o assassino foi o padrasto. Ele tenta seduzi-la para ficar com ela e os bens que a moça herdou. A partir daí nasce uma nova mulher, que inicia sua saga mandando matar seu malfeitor." (texto de Marlene Gomes Mendes, professora de Letras da UFF , RJ)

       Os escritores criam personagens e modos de vestir, de acordo com a personalidade e o jeito de viver dos personagens criados. Tudo é ficção. Mas aonde acaba a ficção e começa a realidade?



Acima, Rachel de Queiróz, a autora de "Memorial de Maria Moura". Abaixo, Glória Pirez interpretando  o personagem numa minissérie da TV Globo. O figurino traduz o personagem.



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