sábado, 12 de abril de 2014

VIVI NO LUGAR CERTO, NA HORA CERTA

     "Quando comecei, a indústria da moda estava surgindo. Até então as mulheres compravam o tecido e  mandavam fazer a roupa na costureira.
     A revista Claudia Moda, o primeiro guia de moda, que sinalizava o produto nacional, nasceu em 1971 e não "decolou" logo. A Claudia Moda teve que se estabelecer, se estruturar e teve que esperar que a indústria nacional se organizasse. E a publicidade de moda se desenvolveu muito e alcançou o seu auge nos anos 80, do século XX, época de ouro na compra de espaço publicitário pela indústria da moda.
     Vieram os anos 90, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso, a retração, a recessão econômica, a inflação,  o surgimento de uma nova moeda, o real. Hoje, sem dúvida, a moda está muito mais profissional e tem aparecido talentos notórios e há empresas maiores, profissionais. Com a informação segmentada em setores deveria ser criada uma linguagem especifica de moda para cada veículo. Mas falta ousadia, coragem de estabelecer estilos estéticos diferenciados. Conclusão: hoje há mais imaginação na moda que se vê nas ruas do que na moda que se folheia nas revistas. Existe um desencontro entre a revista e o seu público-leitor. E os profissionais acabam falando em 'circuitos-fechados'.
     Moda, atualmente, é mais comportamento do que aparência. Moda é o lugar que as pessoas frequentam; moda é tudo o que cerca as pessoas. O ato de se vestir e a própria roupa  assumem a 'sintonia do comportamento'.
     Tenho orgulho de ter vivido no lugar exato, na hora certa. Foi bom ter vivido a moda dos anos 70, marcada pela especulação da imagem. Nos anos 80 houve o progresso; novas revistas foram lançadas. Meu livro "Essencial"(editora Objetiva), vendeu, em 1999, mais de cinquenta mil exemplares.
     O futuro da moda? Para mim é a moda associada ao estilo de vida. É a convivência da pessoa com ela mesma e com a sua roupa. E a fórmula do futuro próximo é associar a informação de moda ao estilo de vida."   
(depoimento da jornalista e escritora Costanza Pascolato para o livro "Um negócio chamado moda", que escrevi, sob encomenda, para o Senac Nacional, primeira década do século XXI)

Nenhum comentário:

Postar um comentário