sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

BRASIL, BRASILEIRO-AMERICANIZADO




      Dia 31 de dezembro andei, pela manhã, de Copacabana ao Leme e fui observando as pessoas, os transeuntes. A maioria vestia camiseta e jeans, camiseta e bermuda, camiseta e short, camiseta e calção, camiseta e calça, camiseta e saia,camiseta e legging.
   E a maioria das camisetas tinham frases ou palavras em inglês. Se a língua é a pátria, estamos americanizados.
    Podem dizer: isto é comum, todo mundo usa, no Brasil, camisetas com alguma coisa em inglês. 
     Mas não se deve aceitar o que é de hábito como uma coisa normal. Nada deve parece impossível de mudar. 
      Assim creio que pensou o estilista Beto Neves quando lançou a Complexo B, uma das pioneiras etiquetas nacionais a vender camisetas apenas com palavras e símbolos da cultura nacional.



         Ao ser atacada por racistas, na internet, a rapper norte-americana Azealia Banks iniciou o ano de 2017 disparando contra os internautas brasileiros e afirmou: "(...) quando vão parar de fazer spam com esse inglês errado, falando sobre algo que não sabem? (...) E um monte de meninos brancos de um país com as piores políticas para negros não vão vir aqui me xingar quando não sabem sequer falar a língua com a qual tentam me insultar." (...)
     A rapper norte-americana foi grosseira, mas no Brasil todo mundo crê realmente que entende e fala inglês, quando muitas vezes sequer compreende a sua própria língua, o português.
       
     No livro "O Brasil tem estilo?" que escrevi e foi publicado no ano 2000 pela editora Senac Nacional afirmo que nos anos 70 do século XX faziam sucesso os camisões, camisas, camisetas que deixam de ser apenas roupa para trazer mensagens. E são essas mensagens das camisetas que começam a externar o nosso desejo de não sermos mais cidadãos franceses e sim norte-americanos: do Rio de Janeiro a Manaus, passando pelos estados do sul, o Brasil inteiro começa, aos poucos mas num crescente, a carregar a língua ianque sobre o peito.
        Como se pode constatar, faz tempo que estamos, momentos mais, momentos menos, nesta viagem de "Brasil-americanizado". Tenho uma prima, sábia prima, que afirma: "O Brasil ainda será, assim como os demais países da América do Sul, uma grande colônia norte-americana. Teremos aqui um governador e o presidente será o de lá, dos EUA. Será? Quem viver, verá. 
     E fica uma pergunta para reflexão: o brasileiro adora usar camiseta com palavras em inglês e no caso do norte-americano, a recíproca é verdadeira?
 


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     Acima, da etiqueta carioca Complexo B , camisetas e camisas masculinas e femininas, aliás (a maioria)é roupa sem gênero, expressão que define o que veste homens e mulheres da mesma maneira, e que  substituiu a palavra "unissex" muito usada nos anos 60/70 para definir, na época do movimento hippie,  o que vestia mulheres e homens, igualmente, sem preconceito de gênero.


Abaixo, a reportagem , publicada na internet, com a rapper norte-americana Azealia Banks.

Azealia Banks, rapper norte-americana, começou 2017 arrumando briga com os brasileiros. A rapper americana se tornou alvo de uma enxurrada de críticas na internet depois de ofender os fãs do país em uma publicação no Facebook.
No texto, publicado na madrugada desta segunda-feira (1º) e excluído em seguida, a cantora diz ter recebido mensagens racistas e spams enviados por brasileiros. "Quando esses anormais do terceiro mundo vão parar de fazer spam com esse inglês errado falando sobre algo que não sabem? É hilário ser chamada de vadia negra por brasileiros brancos. Eles deveriam se preocupar com a economia primeiro”, escreveu.
Nos comentários, muitos seguidores do país condenaram a postura da cantora, que chegou a responder a um deles: "Não sabia que tinha internet na favela".
O assunto se tornou o mais comentado da manhã desta segunda no Twitter do Brasil, onde usuários fazem uma campanha para que as páginas da rapper sejam denunciadas. No Facebook, ela continuou publicando posts irônicos e ofensivos sobre os brasileiros e o idioma do país. Também comemorou sua "capacidade de produzir notícias internacionais no conforto de seu vaso sanitário".
Em uma das publicações, Azealia afirmou em resposta a um dos seguidores brasileiros que o país tem o maior número de pessoas que publicam insultos racistas em sua página. "Não ligo de qual país você é. Racismo é racismo. E um monte de meninos brancos de um país com as piores políticas para negros não vão vir aqui me xingar quando não sabem sequer falar a língua com a qual tentam me insultar."
Protagonista de muitos barracos na internet - em maio de 2016, ela teve a conta no Twitter suspensa após ataques a Zayn Malik, ex-integrante do One Direction -, a cantora veio ao Brasil em junho, para apresentação em São Paulo.


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