terça-feira, 29 de julho de 2014

O QUE É ARTE?








Como atualmente tudo virou mercadoria, inclusive nós,  seres humanos, nada como lembrar o que é arte, capaz de nos transformar e de transformar a própria realidade. 


"A arte é cada vez mais necessária, ainda mais no mundo massificado e massacrante em que vivemos hoje, onde pouco espaço resta ao ser para respirar. Não houvesse arte, não suportaríamos. O excesso de materialismo, intolerância, violência, a 'infraternidade' é o oposto da arte. Arte é exatamente o contrário: une, melhora, quem faz e quem absorve, melhora os seres e aprimora o mundo"
Olga Savary - escritora , jornalista e tradutora.

Enxergar a arte como "um duro exercício" é um dado importantíssimo, pois como diz a sabedoria popular, "criar é 90% de transpiração e 10% de talento. Ou seja, nada de pensar que um artista, um criador já nasce pronto. Sem dúvida, o dom e o talento de "mexer" com a sensibilidade humana é uma coisa que a pessoa tem e que ninguém sabe explicar. Mas esse talento necessita ser 'burilado', o artista precisa encontrar uma linguagem que expresse seu dom, sua sensibilidade, e isso exige um longo trabalho.

Todo artista, todo criador necessita pesquisar muitas formas. Pois criar é formar. Criar é dar uma forma a algo novo. Leia-se como novo aqui, novas propostas, novas coerências estabelecidas pela mente humana; fenômenos vistos ou relacionados de uma maneira inédita ou diferente. Então, a capacidade de criar inclui a de relacionar, ordenar, configurar e significar. Trocando em miúdos, o o ser humano sempre foi um ser formador, um ser com conteúdo, capaz de relacionar os eventos, fatos ou fenômenos ocorridos em volta dele. Só que ao artista, ao criador cabe configurar os fatos dando a sua "versão, a sua interpretação, o seu jeito de ver/enxergar o fato. Ele dá significado aos estímulos que recebe diariamente. E esses estímulos podem estar relacionados a fatos corriqueiros como, por exemplo, o jeito como as pessoas andam, as casas, as cores,sons, cheiros.


(Caso haja interesse, posso postar mais informações sobre a arte de criar daqui a dois dias, colocando pequenos textos)




sábado, 26 de julho de 2014

CONCLUSÃO: VESTES EUROPÉIAS; EDUCAÇÃO RESTRITA






     A fase colonial, quando todos os produtos do vestuário eram trazidos diretamente da Europa, através de comerciantes portugueses, perdura quase até o início do século XX.
     Em 1808, quando a familia imperial vem morar no Brasil, fugindo das invasões napoleônicas, inicia-se um incipiente comércio local, à base de importados. E o Brasil, após D. João VI se instalar aqui com sua familia, é promovido, um tempo depois, à condição de Reino Unido.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

TIRADENTES E A HISTÓRIA DA MODA NO BRASIL IV




     Tiradentes lutou para que a indústria têxtil não fosse inteiramente desmantelada (como de fato acabou acontecendo) assim como lutou para que o ouro das terras de Minas Gerais não fosse enviado em estado bruto, como matéria-prima, para Portugal e para aqui retornasse apenas após ter "ganho" um design europeu.
     

segunda-feira, 21 de julho de 2014

TIRADENTES E A HISTÓRIA DA MODA NO BRASIL III




     De acordo com o historiador Luis Edmundo, "São extintos, quebrados a martelo todos os teares do Brasil no ano de 1780/81, sendo que se proíbe aos governadores o recebimento em audiência de pessoas vestindo roupas feitas com tecidos não fabricados na Metrópole (...). Até os sapateiros não podiam trabalhar em couro que não tivesse vindo da longínqua Metrópole."
     Vale ressaltar que o ouro, retirado das terras de Minas Gerais, era enviado para Portugal em estado bruto. Lá era "trabalhado" como matéria-prima pelos ourives e, posteriormente, retornava ao Brasil como joia para adornar as cabeças, as orelhas, os colos e os braços das mulheres da nobreza e burguesia que tinham dinheiro para adquirir aquelas jóias, com design europeu e preços exorbitantes.


sábado, 19 de julho de 2014

TIRADENTES E A HISTÓRIA DA MODA NO BRASIL II



     Inspirado na revolução norte-americana de 1776 e na revolução francesa de 1789, o nosso Tiradentes e os demais "inconfidentes" sonharam em conquistar a nossa república com uma revolução, com derramamento de sangue, com uma luta por ideais. 
 

quarta-feira, 16 de julho de 2014

TIRADENTES E A HISTÓRIA DA MODA NO BRASIL











   
     
     Tecer, utilizando o raciocínio, uma versão da história nacional ... Relacionar fatos ajuda a entender alguns caminhos percorridos. Ter um sentido de tempo ajudar a compreender o passado, ajuda a compreender o hoje.
     O fio da memória tece um caminho que pode ter como marco a Inconfidência Mineira, Joaquim José da Silva Xavier, o que "morreu no dia 21 de abril e que foi traído mas não traiu jamais a Inconfidência de Minas Gerais."
 

segunda-feira, 14 de julho de 2014

LINHA E AGULHA, A HISTÓRIA DE PONTO EM PONTO



Quadro "A liberdade guiando o povo" de Ferdinand Victor Eugene Delacroix - Os seios de fora  traduzem  a liberdade estética da mulher trabalhadora que não podia espremer suas formas nos espartilhos, como fazia a nobre que vivia no ócio.




  Sans-Culottes eram o homens que não usavam os "calções curtos" da nobreza; eram os homens que andavam sempre a pé, pois não possuíam carruagens. Eles são os vencedores da Queda da Bastilha, marco histórico que lhes deu proeminência e direitos políticos. Conta-se que os sans-cullotes usavam calças compridas que acabaram se tornando o traje oficial do homem burguês após a revolução francesa.
     1789 - ano da revolução francesa, que influenciou aqui, no Brasil, a Inconfidência Mineira.

     "(...) Não esqueça dizer que, em 1888, uma questão grave e gravíssima os fez concordar também por diversas razão. A data explica o fato: foi a emancipação dos escravos." Trecho do romance " Isaú e Jacó" de Machado de Assis, onde dois irmãos, Paulo e Pedro, enxergam (de maneira diferente) fatos históricos do Brasil, a abolição dos escravos em 1888 e  também a proclamação da república que ocorreu, ao contrário da revolução francesa,  sem qualquer derramamento de sangue e sem qualquer participação popular.

     Amanhã contarei um pouco da Inconfidência através da linha e da agulha.

     Uma coisa é certa: a agulha e a linha são as maneiras mais seguras para se enlaçar o mundo, a cultura, a arte e até a realidade de uma época.
    Linha e agulha, de ponto em ponto, uma época vai traduzindo suas características estéticas; de ponto em ponto, o "homo sapiens" vai traçando seu destino.








sexta-feira, 11 de julho de 2014

O VESTIR NO COTIDIANO - REFLEXÕES


         Certa vez comprei uma linda sandália em uma muito conhecida grife. No primeiro dia que a calcei, parte do pequeno salto ficou preso em um buraco que tinha numa calçada da zona sul do Rio de Janeiro. 
     Fui ao sapateiro e ele me disse que nada havia a fazer: o jeito era trocar a sandália por uma nova. 
     Resolvi ir na loja, situada no bairro de Ipanema. Procurei a vendedora que havia me atendido e expliquei para ela a situação. E ela foi logo me dizendo: "Ih, esqueci de lhe dizer que esta sandália é para ser usada por quem pega o carro na garagem e salta em outra garagem ..."  Ou seja, não era uma sandália para se andar na rua! 
     Bem consegui trocar por uma nova sandália que ainda tenho e uso, eventualmente.  Como não perco a mania de andar, contei este pequeno fato às minhas então alunas,pois gostava de iniciar as aulas com uma conversa com a turma: os assuntos técnicos estão previamente ligados a uma postura de vida. Afinal, trabalhamos com seres humanos. 

quarta-feira, 9 de julho de 2014

O BOM-SENSO ESTÁ NA MODA

desfile georgia 2 Desfiles malucos: isso é moda?


A roupa é uma moldura. É a maneira da pessoa mostrar quem ela é, o que sente. É uma forma de expressar a individualidade. A arte do bem-vestir não se resume à questão do poder aquisitivo.


segunda-feira, 7 de julho de 2014

NA ESTÉTICA, QUAL É O NOSSO NORTE?













     Outro dia vi e ouvi uma reportagem com os pais do jogador de futebol William, da seleção. 
      Sua mãe, na entrevista, disse que a história do seu filho é igual à história de muitos outros jogadores. Ou seja, William nasceu pobre, começou a jogar futebol cedo e se tornou um craque. Como craque da bola passou a ganhar muito dinheiro,  tornou-se uma celebridade e resolveu todos os problemas econômicos seus e da sua familia. 
    
      

sábado, 5 de julho de 2014

SECULO XIX - BRASILEIRAS COM POUCO FÓLEGO, DE ACORDO COM GILDA DE MELLO E SOUZA

Foto: Ray Caesar






     A sociedade brasileira, uma sociedade patriarcal, manteve no século XIX e nas primeiras décadas do século XX, uma mulher com atitudes tolhidas e com falta de naturalidade no trato com os homens.
      Nas roupas masculinas os motivos ou apelos sexuais vinham em segundo plano.
     Até o século XIX, de acordo com a escritora Gilda de Mello e Souza, não havia distinção entre os tecidos usados pelos homens e os usados pelas mulheres. A diferença de fazendas se relacionava antes com a condição social e com o tipo de traje do que com o sexo.
     Para se entender a moda é necessário inseri-la no seu momento e no seu tempo e descobrir as ligações ocultas que mantem com a sociedade.
     A  moda serve à estrutura social, acentuando a divisão de classe.
     Para Gilda de Mello e Souza, autora do" Espírito das roupas "(editora Companhia das Letras), outro contraste não tão nítido que o da oposição dos sexos é o da oposição de classes numa sociedade que tende a se revelar através de certos sinais exteriores, como a vestimenta, as maneiras, a linguagem.
      E as heroínas dos escritores nacionais Machado de Assis e de José de Alencar só tinham status econômico e social através do casamento.
     José de Alencar afirmou "de certa uma mulher é indispensável e uma mulher bonita é o meio pelo qual o homem se distingue no 'grand-monde'".
       Gilberto Freyre disse: "A mulher , no criativo Brasil patriarcal foi, evidentemente uma vitima do quase absoluto domínio sobre ela, da vontade, a princípio do pai, em seguida do esposo.Mas, em compensação, foi principalmente, quando sinhá ou sinhazinha, mimada, cortejada, valorizada esteticamente pelo seu dominador".

(anotações que encontrei nos meus arquivos focando, sobretudo, o livro "O Espirito das roupas" de Gilda Mello e Souza.





.História da Moda.







Acima, foto de José de Alencar; abaixo, foto de Gilberto Freyre

quarta-feira, 2 de julho de 2014

BRÁS CUBAS DE MACHADO DE ASSIS




Brás Cubas de Machado de Assis, página 603 - Obras completas, Volume número 1 - Editora Nova Aguilar.

"(...) Realmente não sei como lhes diga que não me senti mal, ao pé da moça, trajando garridamente um vestido fino, um vestido que me dava cócegas de tartufo. Ao contemplá-lo, cobrindo casta e redondamente o joelho, foi que eu fiz uma descoberta subtil, a saber, que natureza previu a vestidura humana, condição necessária ao desenvolvimento da nossa espécie. A nudez habitual, dada a multiplicação das obras e dos cuidados do indivíduo, tenderia a embotar os sentidos e a retardar os sexos, ao passo que o vestuário, negaceando a natureza, aguça e atrai as vontades, ativa-as, reprodu-las e, consequentemente faz andar a civilização. Abençoado uso que nos deu Otelo e os paquetes transatlânticos! "
(o grifo é meu, para destacar a reflexão de Machado de Assis sobre o vestuário)