quarta-feira, 18 de outubro de 2017

AS APARÊNCIAS ENGANAM
















"As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam Porque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões.Os corações pegam fogo e depois não há nada que os apague"


Na música composta por Tunai e Sergio Natureza e imortalizada na fantástica e inesquecível voz de Elis Regina já é tudo dito: não se pode julgar (inclusive sentimentos) pelas aparências.
Mas foi a aparência, " consideraram muito bem vestido o filho da Marisa, o que poderia ser um indicio de ligação com o tráfico"*, razão alegada pelos policiais do Bope para prender e torturar um adolescente negro de 17 anos."
A sua mãe, Marisa, foi ao local questionar a prisão do filho e morreu assassinada com uma coronhada na cabeça.
Meu Brasil agora, mais uma vez, neocolonialista,onde se julga o outro através das roupas, da aparência.

Esquecem que ser invisível é o maior castigo para um ser humano. O adolescente poderia estar usando roupas de grife com o objetivo de não passar desapercebido, deixar de ser invisível, assim como eram invisíveis os negros, vindos da África, que aqui trabalharam como escravos até 1888, ano da nossa abolição da escravatura.

E, o Brasil continua com perpetuando uma imensa desigualdade de classe. E, de acordo com o Frei Betto, "(...) em uma sociedade economicamente desigual, aqueles que possuem mais recursos têm mais condições de se expressar do que a população carente. Portanto só há plena liberdade quando há equidade"*

UM POUCO DE HISTÓRIA

No tempo do Brasil colônia, o desenvolvimento da nossa incipiente indústria têxtil cedo foi condenado por decreto de D.Maria, que entrou para a história como "A louca". Por determinação dela,a nossa industria têxtil foi toda "quebrada, arrebentada". Aqui só era permitido fabricar panos baratos, como a nossa chita, que eram utilizados para "cobrir" os corpos dos escravos. A nobreza e a burguesia se vestiam utilizando tecidos, moldes e modelos que vinham da Europa, mais precisamente de Portugal e França. Os sapatos também tinham que ser importados: eram de uso limitado (restrito aos nobres e à burguesia), já que escravos só podiam andar descalços.
De acordo com o historiador Luis Edmundo, "são instintos, quebrados a martelo, todos os teares do Brasil no ano de 1780/81, sendo que se proíbe aos governadores o recebimento em audiência, de pessoas vestindo roupas feitas com tecidos não fabricados na Metrópole (...). Até os sapateiros não podiam trabalhar em couro que não tivesse vindo da longínqua Metrópole."

Fonte:  reportagem de Rafael Soares (acima escaneada) publicada no jornal O Globo,  edição de  12 de outubro de 2017; coluna de Frei Betto, também no jornal O Globo, edição de 14 de outubro de 2017; quadro do Debret, os escravos com suas roupas, descalços.
E pesquisas por mim feitas sobre o vestuário no Brasil Colonia.
Musica, "As aparências Enganam", que se encontra no Youtube, cantada por Elis Regina.

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Lei Áurea – Wikipédia, a enciclopédia livre

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