sábado, 11 de junho de 2011

As dez calcinha que abalaram o Mundo!

AS DEZ CALCINHAS QUE ABALARAM O MUNDO
Uma breve história de um ícone da sensualidade feminina

Ruth Joffily
Ilustrações de Robson Granado
As dez calcinhas que abalaram o mundo

O projeto “As dez calcinhas que abalaram o mundo” abrange uma exposição com os desenhos e as pinturas sobre o tema, que também ilustram o livro e um coquetel temático. Posteriormente haverá um livro.
A exposição apresentará uma história da peça de vestuário feminina que tanto atraiu o interesse e a atenção de homens e mulheres ao longo do século XX. A história da calcinha destaca os dez modelos mais impactantes em sua época de lançamento e uso. As ilustrações e as informações que acompanharão o texto serão executadas pelo artista plástico Robson Granado, em desenho a lápis sobre papel, aquarela e tinta acrílica sobre tela. As peças (os desenhos) que ilustram este projeto já são executadas pelo pintor.

Calcinha (diminutivo de calça); substantivo feminino singular. Ver calça.

Calçolas – substantivo feminino plural. Ver calça

Calça - Do latim calcea. Peça externa do vestuário tanto masculino quanto feminino que parte da cintura, ou de logo abaixo dela e, contornando o corpo, se fecha no centro junto às virilhas, dividindo-se em duas partes, que irão contornar e cobrir separadamente as pernas, descendo, por via de regra, até os tornozelos. 2- Parte interna do vestuário feminino semelhante à anterior, mas que parte da cintura ou dos quadris, indo apenas até às virilhas ou às coxas; calcinha; calçolas, biquíni. Dicionário Aurélio, pág 255- edição de 2001.
Quem procura pela palavra calcinha na “Enciclopédia da Moda”, escrita pela inglesa Georgina O’Hara, (editada no Brasil pela editora Companhia das Letras, em 1886) nada encontra. No “Dicionário da Moda” de Marco Sabino (editora Campus, 2007) também não consta o verbete calcinha. Mas em ambos os livros, ou seja, na enciclopédia inglesa e no dicionário brasileiro, consta a palavra calça.
Para as mulheres que vivem, agora, no século XXI o usar calcinha é um hábito do cotidiano que faz parte do dia-a-dia, um hábito banal,assim como escovar os cabelos e os dentes e tomar banho, diariamente.
Bem, a calcinha nasceu da calça masculina e deve ter sido usada bem antes de ter o seu nascimento oficializado. Ou seja, algumas rainhas, Princesas e mulheres da corte, da nobreza, deviam usar faixas ou calções, semelhantes aos culottes, calças curtas e bufantes, usadas pelos nobres. Elas deviam usar seus calções de maneira informal, não oficial, para poder andar a cavalo e também para se protegerem das menstruações, na época elas sequer sonhavam em usar os absorventes.
Oficialmente, a calcinha tem 116 anos, e antes de se tornar um fetiche e de ganhar as ruas, ela era comprida, desengonçada, e era mais conhecida como calção, calçola, calçola bufante, calçolas soltas, calçolas vitorianas. E era comprida, com acabamento em renda, e sisuda, muito sisuda, séria, e ficava escondida por debaixo de muitas camadas de pano, além de ser usada apenas pela camada privilegiada da população, leia-se as mulheres nobres.
Austera e sem graça, o calção ou a calçola começou a ganhar alguma graça após a revolução francesa (1789), que gerou a simplificação do traje feminino e do masculino. Para as mulheres, surgiu a linha império, cintura alta e caimento reto, que traduziu o neoclássico no vestir. Para os homens, sobretudo para os burgueses, grandes vencedores da revolução, surgiram as calças compridas, antes só usadas por aqueles que estavam à margem do poder imperial, à margem do poder político. No quadro “A liberdade guia o povo”, de Delacroix, vê-se, os sans-culottes em ação, lutando pela república, vestindo suas calças compridas, coletes e paletós, roupas ainda presentes no guarda-roupa masculino, atualmente, no século XXI. A mulher que está em destaque na foto, segura a bandeira da nação republicana francesa, está com um vestido inspirado no corte neoclássico e está com o busto de fora, livre dos espartilhos. Mas se está ou não com a calçola, os livros de história não dizem!
Mas coube a um francês chamado Pierre Valton, há exatos 116 anos, eliminar os excessos de renda, ajustar o calção ao corpo e batizá-la de “petit bateau”, ou seja, pequeno barquinho, numa tradução ao pé da letra. E a partir daí a o calção ou a calçola foi, cada vez mais, ganhando novas formas, até chegarmos aos modelos atuais.
Vale destacar que nos anos 20 do século XX, época da melindrosa, a calçola diminuiu ainda mais um pouco, incentivada pelos vestidos curtos da época do charleston. Dando um pulo histórico, chegamos aos anos 60, quando descobriram, após muitas pesquisas, a lycra, o que transformou, definitivamente, a calçola numa segunda pele, e a deixou ainda mais sexy.
Lá pelos anos 80, a cava alta nas pernas entrou em cena, e chegou para ficar. Por afinar a silhueta e alongar as pernas e emagrecer o corpo feminino, da cintura para baixo, a cava alta, virou “asa-delta”, que faz com que pernas curtas pareçam mais longas. E hoje, há modelos para todos os tipos de corpos, para todos os tipos de gosto e fetiche. Há, inclusive, as calcinhas comestíveis, e com gosto de morango, por exemplo. Este derradeiro acessório de qualquer strip-tease, para muitos, um supremo fetiche sexual, que as gavetas costumam guardar. Ela, a calcinha, pode ser chamada como a “última folha de parreira”. E em nosso Brasil, não há, como afirma o jornalista Sérgio Augusto, “sutiã que lhe faça sombra”, pois a influência africana ajudou a fazer do traseiro uma preferência nacional.
Com renda ou sem renda, de seda, de algodão ou de lycra, discreta ou exibicionista, a calcinha tem extremas propriedades afrodisíacas. No filme, “O pecado mora ao lado”, Marilyn Monroe dizia a Tom Ewell que guardava as suas calcinhas na geladeira, durante o verão. Já nos anos 70, a modelo e atriz Brook Shields dispensou as calcinhas em um comercial da etiqueta Calvin Klein. Dizia o texto do anúncio que não havia nada entre ela e o jeans que vestia. No filme “Instinto Selvagem”, Sharon Stone cruzou as pernas, e mostrou que estava sem calcinhas. E em 1976, um deputado brasileiro chamado Leonel Júlio gastou, na época, US$ 5,1 mil na compra de calcinhas, usando a verba da Assembléia Legislativa. Foi, na época, o famoso “escândalo das calcinhas” e o deputado teve o seu mandato cassado.
A calcinha cada vez se expõe mais, e ultrapassa os limites das gavetas, dos closets, dos quartos de dormir e dos espelhos. O futuro da calcinha já é o seu presente: ela se expõe, cada vez mais.
Nesta exposição, desejamos apresentar os dez modelos que marcaram a história da calcinha, cantada em prosa, em verso, e que habita as cabeças de homens e mulheres do planeta terra.
Para finalizar, uma poesia, do cineasta e roteirista José Joffily:
Fluência muda
“aquela sua calcinha
Pendurada na torneira
Do banheiro
Sempre quis
Dizer
Alguma
Coisa”

Nenhum comentário:

Postar um comentário