Na década de 80, precisamente em 1987, a Rhodia realizou em São Paulo uma pesquisa pioneira sobre os hábitos de dormir dos brasileiros e brasileiras. E descobriu que"roupa para dormir era (e é) "toda aquela que se mostre confortável para tal fim
De acordo com o texto da Rhodia que apresenta a pesquisa sobre roupa versus sono, "a 'nova' tendência havia nascido com a crise econômica, que vem se disseminando entre a população, na era do ..... cruzado - moeda vigente no Brasil, naquela época. Vale observar que havia crise, recessão, inflação, há 28 anos.
Mas o que me fez buscar nos meus arquivos os dados levantados pela Rhodia foi ter constatado -- pelas fotos publicadas hoje, 20 de outubro de 2015, no jornal O Globo -- que a pesquisa continua atualíssima. Pego de surpresa pela explosão (em consequência de um vazamento de gás) o proprietário do restaurante Ipueiras (que veio abaixo), em São Cristovão (RJ) foi fotografado de cuecas e nada mais. Assim como estava só de calcinha a menina de 9 anos, resgatada também pelos bombeiros.
Segundo a pesquisa da Rhodia, realizada há 28 anos, "camisetas, cuecas, shorts pouco a pouco estão substituindo os ainda hegemônicos pijamas de calça comprida e camisolas. Já o clima sensual, realçado pela lingerie noturna nas mulheres continua a ser ponto forte deste tipo de traje, apesar da crise (sic!) do cruzado, segundo opinião de 86% da população".
Mas, de acordo com a pesquisa realizada então pela Rhodia, a importância das roupas de dormir, para as mulheres, ficou evidenciada no número insignificante das que dormem completamente nuas e das que deitam usando apenas calcinha (7% em 1987).
Já no universo masculino, apenas 47% dos homens têm roupas para dormir, enquanto que em camadas mais jovens (14 a 24 anos) a posse se limita a 63%. Entre os homens, cresce o uso da cueca em substituição ao pijama. E as mulheres vêm substituindo a camisola (queda de 93% para 83%) por camisetas que se mostram confortáveis para dormir.
E a questão da "pouca roupa" para dormir, me faz lembrar do "Erro de Português", de Oswald de Andrade:
"Quando o português chegou
debaixo de uma
bruta chuva
vestiu o índio
que pena!
fosse uma manhã
de sol
o índio
teria despido
o português."
Vale salientar que o vestir destacado por Oswald de Andrade é o colonizador, no caso o português, impondo, ao "descobrir" o Brasil, sua cultura, sua língua, sua catequese e sua vestimenta. Pois o vestir está sempre aliado à cultura, ao comportamento de uma época.
Fonte: pesquisa da Rhodia sobre mudança de conceito no dormir, realizada em 1987. Fotos do jornal O Globo, edição de 20 de outubro de 2015 - "homem de cueca: "dono do restaurante Ipueiras, que foi abaixo, reza diante da destruição de dezenas de imóveis em São Cristovão (RJ): a explosão que foi causada por vazamento de gás, atingiu 54 imóveis. Foto da menina Beatriz, de 9 anos, resgatada pelos bombeiros.
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