segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

AÍ DE TI, COPACABANA



           Copacabana envelheceu.
     Hoje, o  bairro da zona sul do Rio de Janeiro tem uma imensa população idosa. 
Os homens,muitos aposentados, circulam ostentando (alguns com orgulho) seus barrigões, bermudas confortáveis, sandálias de dedo. 
     Já as mulheres .... Bem às mulheres não lhes foi dado ainda o direito ao envelhecimento. 
   

     Portanto, em Copacabana , elas se vestem, na maioria  das vezes, como se fossem meninas. Dos 8 aos 80 anos, há o domínio de dois estilos: "shoxortinho", como bem batizou o estilista Marcelo De Gang  o short curto e justo de jeans. O segundo estilo que faz a cabeça de todas  é a calça legging, bem justa, "mapeando" o corpo feminino da cintura para baixo. A calça legging quando é branca, então, nem se fala .... 
     Exceções: a senhora, que mora na rua Barata Ribeiro,  que vende pães de queijo para poder completar a aposentadoria, apesar de também receber uma ajuda de custo da sua família. 
     Na foto, ela está com sua cesta, um avental e chapéu de palha. Assim vestida ela circula, todas as manhãs pelas duas principais avenidas: Nossa Senhora de Copacabana e Barata Ribeiro.  
  Outra exceção é a que anda com uma "burca"(foto abaixo) - vestido longo, com decote rente ao pescoço, com longas mangas, traje obrigatório no dia-a-dia para todas as mulheres que aderiram a uma religião evangélica X. Perdoem-me por não saber o nome, pois são tantas igrejas evangélicas e cada uma é diferente da outra. Há inclusive igrejas evangélicas em Copacabana que proíbem as mulheres de usar calça comprida...   
     Há o fortalecimento do conservadorismo  quando se exige que a mulher seja uma eterna boneca e também quando se exige que ela use uma "burca" ou não vista calças compridas.
      O corpo da copacabanense pode estar mole, tudo se sacudindo, mas ela se vê ainda como uma menina e tem que jogar o jogo, onde tem permissão, permanente, para ser ingenua e/ou sexy. Envelhecer, um pecado. 
     A mulher-boneca ainda persiste, sobretudo se deseja atrair os olhares masculinos. E o que seria do machismo, se elas - mulheres- crianças, mulheres com vestidos-sacos (ou "burca"), mulheres que só têm liberdade para serem sexies, não existissem?

O título, "Ai de tí, Copacabana", uma homenagem ao imortal cronista Rubem Braga que editou um livro com diversas crônicas, sempre abordando assuntos do dia-a-dia, com este título.  


# Crônicadapobreza:Diversos, os vários Copacabana, dentro de Copacabana. Uma trans vestida de paquita; um anúncio de emprestímo até os 90 (noventa) anos.

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