domingo, 28 de maio de 2017

BRASIL, O PAÍS DAS APARÊNCIAS



                Aparência: substantivo feminino. 1- O que se mostra à primeira vista; aspecto. 2 - O que parece realidade sem o ser; fingimento.
               Diz o ditado popular: "quem vê cara não vê coração" ou "o que as pessoas aparentam não representa aquilo que elas são."
   
           
               Os sábios ditados populares nem sempre são ouvidos por muitos. Daí que no Brasil historicamente as aparências contam e muito.E muitas vezes as aparências revelam, a olho nu, as desigualdades sociais do Brasil. 
                  Abaixo, postei uma foto dos anos 40 do século XX, onde meus irmãos mais velhos, crianças na época, estão no meio de outras crianças na cidade de Campina Grande (PB):  a pobreza das crianças que estão na foto, ficam visíveis a olho nu, quando comparamos a postura e as roupas não luxuosas, mas bem cuidadas que  meus dois irmãos e  minha irmã vestem com a postura e as roupas das crianças pobres que estão ao lado deles, em um evento de distribuição de roupas e alimentos, patrocinado, na época, pela extinta LBA (Legião Brasileira de Assistência).
         No meu livro "O Brasil tem estilo?" (editora Senac, 2000) reflito em um capítulo, sobre a importância da imagem, destacando uma fala da Iara Iavelberg, que foi assassinada durante o regime militar e cuja vida está contada no livro-biografia "Iara", escrito pela jornalista Judith Patarra. 
         No livro "Iara", que vem a ser uma "reportagem biográfica" a autora assinala que a estudante-militante Iara Iavelberg admirava o viver intenso e a alegria e advertia, nas suas falas, que "num trabalho ilegal, dar na vista seria cana certa. "Burrice as militantes andarem molambentas, os companheiros que ouvissem a voz do povo - o hábito faz o monge", afirmava Iara Iavelberg.
         Para a autora Camile Paglia, autora de vários livros, inclusive de "Personas Sexuais" (Companhia das Letras), "a forma como você se veste pode dizer tudo"
          Para não correr risco, há no Brasil, uma quantidade grande de pessoas que preferem ficar endividadas mas terem bolsa, sapato, roupas de grife para deixarem visíveis os símbolos de status.  Também há os que compram falsificações de célebres marcas, alimentando o comercio ilegal e o contrabando.
         Pois existe, no Brasil, atendimentos diferentes de acordo com o traje que a pessoa veste. Bem-vestidas são ultra bem atendidas; mal ou simplesmente vestidas passam literalmente, sufoco em inúmeros lugares, inclusive em restaurantes, consultórios médicos, hospitais, lojas comerciais, bancos, supermercados, etc. 
         De acordo com o imortal professor de geografia Milton Santos, autor de "Por uma Outra Globalização" (editora Record), "no caso brasileiro, o corpo da pessoa também se impõe como uma marca visível e é frequente privilegiar a aparência como condição primeira de objetivação e de julgamento, criando uma linha demarcatória, que identifica e separa, a despeito das pretensões de individualidade e de cidadania do outro."  E essa avaliação feita no dado ostensivo da corporeidade é preconceituosa.
          Daí a singularidade no vestir, pelo menos na cidade do Rio de Janeiro, desapareceu. Todos e todas vestem o que é aceito pela maioria. 
  Frase: "Se a aparência explicasse a essência, o saber seria desnecessário" - grafite em um muro em Campo Grande (RJ), 2004.
Frase: "O corpo e a postura corporal estão sujeitos às dinâmicas da história."        


Fonte: Dicionário Aurélio, livro "O Brasil tem estilo" que escrevi em 2000 , editora Senac Nacional e que se encontra esgotado.Os livros: "Por uma Outra Globalização" (Editora Record) e "Território e Sociedade" (Editora Fundação Perseu Abramo); Histoire du corps, Alain Corbain, Jean Jacques Courtine e Georges Vigarello.











Resultado de imagem para as aparências enganam frases
















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