sábado, 19 de agosto de 2017

CLÁSSICOS ESTERIÓTIPOS






       Histórias para mim insustentáveis: ver meninas de oito a dez anos com bocas pintadas de batom, unhas com esmalte em cor vibrante, aguardando, na porta da escola pública municipal ou estadual, os portões se abrirem. Caricato. Não é moralismo. Uma questão prática:tornar uma criança ou uma adolescente adulta antes do tempo, transformá-la em colírio para os olhos cansados, dos outros. É a sexualização direta, na veia ....


      Assim banais também são as calças leggings, uma peça básica,traiçoeira, que exige um corpo beirando à perfeição. Mas a maioria das consumidoras não se tocam: meninas, moças, mulheres: a legging domina os armários femininos dos 8 (ou menos) aos 80 ou mais anos. Quanto mais justa, quanto menor o gancho, repartindo o bumbum, quanto mais for "estilo chupando mexerica", melhor. Tudo óbvio, sem margem para a imaginação. O tempo parece curto, demais. É olhar e tudo ver, em segundos ... A sexualidade feminina, na versão patriarcal,  torna-se tão banal quanto  escovar os dentes .... 
        
      Saiu noticiado que o HIV tem aumentado. Sim, os homens não usam camisinha, pois consideram o seu "sêmen" sagrado  (sêmen, segundo o deus Google: substantivo masculino, semente). E muitas mulheres não exigem que os homens usem camisinha ... O uso da  camisinha feminina, então,  é baixo, muito baixo, de acordo com as estatísticas. 

       Digo mais uma vez: a liberdade sexual que vivemos no Brasil é patriarcal. Daí imagens, aos montes, de mulheres sexies. 
             
       Ontem, dia 18 de agosto, em um banco na zona sul, aguardando ser atendida, vi um homem mostrando, via celular, uma foto feminina a outro homem, seu amigo. E o que estava vendo perguntou ao que estava mostrando: "é famosa?". E o outro respondeu: "desconhecida. Mas que bumbum...!!" 
           O outro lado da moeda, são as evangélicas adeptas das roupas recatadas, algumas sequer usam calças compridas e nem minissaias. É o outro lado da mesma moeda: a mulher é a perdição, o pecado, a tentação, o simbolo do mal, de acordo, vale frisar, com a cultura patriarcal. 
  
       No livro "1984" de George Orwell as pessoas não pensam. As mídias é que pensam por elas. É produzida, por um dos ministérios, uma pornografia de baixíssima qualidade para distrair as massas. A personagem Julia faz parte do ministério que gera a pornografia de baixíssima qualidade mas também integra a liga anti-sexo. No livro todas as mulheres  são traiçoeiras. O partido imaginado por George Orwell proibe sexo fora do casamento e quando praticado dentro do casamento não é por prazer, mas para contribuir com o grande irmão. Ou seja, as massas eram proibidas de fazer sexo com amor, porque isto as poderia libertar do domínio do grande irmão .... Hoje que são os "grandes irmãos?"
           
          E tudo isto me fez lembrar uma história que marcou minha chegada ao Rio de Janeiro e minha ida para o colégio "Sacré-Coeur de Marie": cheguei ao Rio de Janeiro aos 10 para 11 anos, vindo de Roma (Itália) onde havia sido alfabetizada. Meu local de nascimento é a querida João Pessoa , capital da Paraiba. De lá aos 2 anos fui morar em Alagoinhas, interior da Bahia. De Alagoinhas, com cinco para seis anos fui para Roma e de Roma vim para o Rio de Janeiro, onde moro até hoje. 
              Bem ao chegar no Rio de Janeiro fui primeiro reaprender português com aulas particulares com a minha avó materna Clotilde, que havia sido, em João Pessoa e também no interior da Paraíba, diretora de várias escolas e dedicado toda a sua vida à educação, sobretudo fundamental. 
         Depois fui para o colégio "Sacré-Coeur de Marie", hoje "Sagrado Coração de Maria - rede Sagrada". Eram os anos 60 e eu tinha o rosto corado. Ia muito à praia;ninguém usava filtro solar. Usava-se sim, cremes para se bronzear ...! O sol era o bom, do bem. Um dia uma das freiras cismou que eu havia colocado rouge, blush: que pecado,se pintar.... 
         Castigo: fui colocada diante de uma bacia d´água e obrigada a lavar, esfregar o rosto para tirar o tal rouge. Mas como era meu natural colorido, quanto mais esfregava, mais vermelhas ficavam minhas faces. E eu dizia para a freira: "não uso rouge, não me pinto...." 
         Mas ela levou tempo para se convencer, e eu tive que ficar lavando com água e sabão meu rosto, inúmeras vezes, sem parar. Lembro-me da cena: sentada num banco de frente a uma bacia cheia d'água e segurando, na mão, um sabonete. Ao lado, uma toalha branca, que não ficou "pintada" de rouge o que levou, depois de um tempo, a freira a acreditar que eu estava dizendo a verdade. Mas me custou. Creio que a fantasia do rouge, o desejo do rouge estava, com todo respeito, na cabeça da freira, nas suas fantasias....
    
      Bem, até hoje pouco me pinto. Ando com muita cara lavada. Minha mãe, tias, primas e irmã também faziam e fazem pouco uso de maquiagem. Minhas avós Marieta e Clotilde, nunca as vi com maquiagem alguma. 
      
      Ver as fotos do site especializado no "estilo evangélico", reforça,  outra vez, em outro momento histórico, a idéia do pecado associado à sensualidade feminina. E assim será enquanto a sensualidade feminina estiver atrelada à cultura patriarcal. 
         Por quanto tempo ainda vamos viver numa sociedade que aparenta ser sem preconceitos mas é  tão repressiva que a pornografia se torna  o "ópio" das massas?



Escaneadas e/ou copiadas imagens diversas: 1) Manchete do jornal Expresso, edição de 17 de agosto de 2017 que une futebol (masculino, claro) e bunda feminina, claro! Trata-se, porém, de uma bunda famosa, da Anita. 2) Cartão postal que voltaram a ser vendidos onde a paisagem da "praia de Copacabana" inclui fotos de quatro mulheres de costas, com bundas destacadas que fazem parte da paisagem....
3) Anúncios da marca Kavinne, que tem loja em Copacabana, e é especialista em jeans com modelagem que dá grande destaque aos bumbuns femininos, modelagem especializada  inclusive  em ganchos curtos. 
4) Agradeço à jornalista Rosa Freire d'Aguiar que postou o site que traz o estilo das evangélicas: " As mulheres que seguem as diretrizes evangélicas costumam se vestir de forma um pouco comportada, sem grandes decotes, transparências e exageros”. Donde: vestidinhos evangélicos de manguinha esvoaçante para esconder bracinhos nus, saias evasês, comprimento midi, lacinhos e babados, bolerinhos -- tudo entre a beatice e o marketing."
- "PS: não vi biquini na coleção." afirma Rosa Freire d'Aguiar.

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"As mulheres que seguem as diretrizes evangélicas costumam se vestir de forma um pouco mais comportada, sem grandes decotes, transparências e exageros. Mas vestir-se de forma discreta não significa estar sem graça! É possível estar moderna e sintonizada com as mais recentes tendências fashion, basta seguir algumas dicas.

Para as mulheres românticas, vale apostar nos tecidos delicados e detalhes femininos como babados e laços. Vestidos evangélicos, saias e blusas podem ganhar bordados de pedras ou estampas charmosas como as florais. Cores suaves garantem harmonia no look, mas é válido também utilizar um tom mais vibrante, para quebrar a monotonia.

Visuais clássicos pedem roupas mais alinhadas, com cortes retos e sofisticados; o comprimento midi, abaixo dos joelhos e um pouco acima dos tornozelos, é elegante e um dos destaques da moda evangélica. Para complementar a produção, acessórios também discretos mantêm a seriedade do look" (parte do texto  editado no site  posthaus - link, acima.






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Imagem relacionada



Resultado de imagem para Kavinne jeans fotos vitrines 

 Via Carlos Tufvesson, facebook, dia 23 de agosto de 2017: leiam, por favor, nota abaixo, publicada na coluna Gente Boa, jornal O Globo.

"Pode isso?
Na última sexta, o "Casos de família" do SBT, recebeu um marido que bate na mulher. A razão alegada por ele: ela não tem vaidade. O telefone da Delegacia da Mulher até apareceu na tela, mas a solução oferecida pelo programa ... foi promover uma transformação na moça, com roupa nova, passagem pelo cabeleireiro, etc. Eu, hein."  Coluna da Patricia Kogut, Segundo Caderno, jornal O Globo, edição de 21 de agosto de 2017

  Para pensar:
"Ser elegante é tentar ser subversiva no mundo do mal gosto"
Vivienne Westwood  - Via o estilista Marcelo De Gang
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