segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

MODA DE CAMELÔ

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        Com seus radares sintonizados nas telas das tevês, nas redes sociais e nas vitrines das butiques, os camelôs reproduzem os modismos com uma incrível rapidez. 
     Seus recursos permitem uma aceleração do processo, exatamente porque não contam com a infra-estrutura das grandes marcas. Trabalham com micro-empresas de fundo de quintal, onde não há espaço para estudos de marketing, tão comuns na indústria normal. Eles contam com a agilidade e nem pensam em "formalidades" como o pagamento de royalties. São rápidos pois a garantia de sucesso nas vendas é a velocidade na produção e distribuição de mercadoria
       

        Curioso é que os camelôs estão ligados aos seus grandes concorrentes, os lojistas, de várias maneiras. Em primeiro lugar, a loja da moda é uma das principais fontes de pesquisa para o camelô. É lá que ele, muitas vezes,  recolhe o produto de mais saída, para copiá-lo. Mas é inevitável também a disputa pelo espaço. O camelô precisa estar perto das lojas. Por hábito, as pessoas não "vão" ao vendedor ambulante; elas passam por ele no caminha para as lojas e esbarram com produtos semelhantes aos que elas comprariam em uma loja/butique, com a vantagem de pagarem menos. Por isso há uma luta, entre os camelôs, por um lugar estratégico.
     Valente e esperto é o que mais se encontra nas ruas da zona sul do Rio de Janeiro. Por lei, todo deficiente físico tem direito a montar uma barraca de comercio ambulante inclusive nas esquinas movimentadas, locais privilegiados. Mas o que mais se vê são saudáveis camelôs esbanjando criatividade na formação dos seus estoques e técnicas de venda, inclusive de olho não apenas no "rapa" (guardas municipais) mas também no mercado externo, já que a zona sul está povoada de turistas. Daí que os produtos encontrados são bem mais sofisticados, pois há até camelôs bolivianos, peruanos, argentinos,mexicanos, colombianos dividindo democraticamente a freguesia com seus companheiros brasileiros.         Nesta fatia de mercado não apenas os produtos têm uma procedência misteriosa.  Pois há camelôs estrangeiros que talvez tenham mais a temer das autoridades que cuidam da imigração do que da secretaria da fazenda.
    Na Avenida Atlântica é forte a venda de "cangas " e toalhas cartões postais do Rio de Janeiro, assim como há a venda de bijuterias artesanais "assinadas" por um artesão sul americano, assim como há a venda de chapéus, "paus"de selfie, camisetas, vestidos, shorts, etc. Aliás, há muitos ambulantes na orla da praia, que vendem de tudo, inclusive água, sanduíches,doces, salgados,  bebidas, refrigerantes, amendoim, biscoitos, brinquedos para crianças, além de alugarem cadeiras e barracas na praia. Em pleno verão, eles "oferecem"aos seus clientes, "chuveirinhos"nas praias, etc.
       Os 388 anos de escravidão, deixaram diversas marcas no nosso cotidiano. E os nossos ambulantes têm como antepassados, os escravos de ganho,que passavam os dias nas ruas, vendendo produtos (sobretudo alimentícios) para os seus patrões, que ficavam em casa, no descanso, pois trabalho, na época, estava contaminado com a noção de ser "coisa de escravo". E creio que esta noção que o "trabalho não compensa" ainda existe, infelizmente, entre nós, brasileiros (as). 
       Nas ilustrações copiadas, há  desenhos de Jean Baptiste Debret,  (1768-1848) que integrou a missão artística francesa no Brasil e fundou, no Rio de Janeiro, uma academia de Artes e oficios, onde lecionou.  
     Debret  retratou e imortalizou o trabalho, nas ruas do Rio de Janeiro, dos "escravos de ganho".
      
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10205563626914894&set=a.4407665954665.2142438.1379176324&type=3


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Nilson Lage
13 hÉ estranho como as pessoas bradam mas ignoram tanto os lances reais das tragédias do passado.
A escravidão era modo de produção comum no mundo antigo - mais ou menos regulada ou limitada em seus aspectos mais brutais, dependendo da época e das necessidades.
Na Idade Média, foi em grande parte substituída pela servidão.que é.grosso modo, a prisão do homem à terra e ao serviço de quem a possui; e pelo trabalho artesanal "livre", nas cidades.
A massificação desse "trabalho livre", no quado da Revolução Industrial, deu origem ao proletariado como a literatura o descreve.
A escravidão permaneceu na África.
Os dominantes - a tribo, a classe - exploravam os dominados e os vendiam como mercadoria. Entre si, a mercadores árabes e, depois, a contratadores europeus.
Base de uma riqueza dependente, parasitária e predatória, a escravidão faz parte do processo que tornou o continente tão frágil à ganância dos "colonizadores".
Por isso, o assunto é sensível para os africanos ainda hoje, como constatou o arquiteto Zulu Mendes de Araújo em sua visita à terra dos ancestrais, onde hoje é a República dos Camarões (a geografia da África foi traçada por europeus e nada tem com sua História).
http://www.bbc.com/…/…/160113_dna_africano_zulu_jf_cc.shtml…


Resultado de imagem para anuncios de venda de escravos - Gilberto Freyre


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