domingo, 28 de fevereiro de 2016

TRAVESTIS, MULHERES QUE SE VESTIAM DE HOMEM



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     Na sociedade patriarcal européia do século XIX cabia às mulheres, sobretudo àquelas que pertenciam à classe mais abastada financeiramente, cuidar do lar e da família.
     Linhas rígidas e visíveis delimitavam o que era ser mulher e o que era ser homem.
     

     Os trajes austeros, em cores sóbrias/escuras, cabiam aos homens que haviam, sobretudo após a Revolução Francesa, abdicado do direito a toda e qualquer forma de ornamentação, mesmo que fosse discreta, em suas vestes/roupas, deixando essa prerrogativa para as mulheres.
     Para elas, clausula nos espaços privados, ser controlada pelo pai, irmão e/ou marido e a exclusão da história. 
     De acordo com Virginia Woolf, imortal escritora inglesa, "a glória de uma mulher era não ser falada. Afinal, as prostitutas foram as primeiras mulheres de vida pública. Portanto, toda mulher que tivesse vida pública era, na época, associada ao único feminino possível nessa esfera".
     Para os homens, o pensar, a racionalidade, o estudar, o escrever, o exercício pleno de um ofício/profissão e a independência financeira.
     Mas houve mulheres que transgrediram, questionaram, saíram de casa, conquistaram o espaço público e lutaram para ser financeiramente independentes através não de um bom/recomendado casamento e sim através do trabalho intelectual. Para isso, se travestiram de homem.  
    Vale destacar, primeiramente,a francesa Amandine-Lucie Aurore Dupin (1804-1876) que casou-se, como era tradição na época, com um homem rico e mais velho, o barão Dudevant, para depois se separar, sem ter direito a qualquer tipo de pensão - o que era uma iniciativa perigosa e ousada - e passou a ganhar seu sustento escrevendo. 
      Adotou o pseudônimo de George Sand e passou a se vestir de acordo com o padrão do sexo oposto, o masculino, o que incluía o fumar charutos e colecionar, no seu caso, namorados.  
     George Sand inspirou o célebre escritor Dostoievsky e todos os autores do romantismo europeu. Nos seus primeiros livros, George Sand sofreu influência de vários autores e contou com a colaboração de alguns deles, pois o mundo da literatura era dominado pelos homens. 
     Afirma, em um dos seus escritos, George Sand/Amandine-Lucie Aurore: "trabalhar não é um castigo. É uma recompensa e uma força, uma glória e um prazer." 
     Sua obra é formada por mais de 60 romances, peças de teatro e centenas de artigos para jornais da época e missivas.
     O senado francês, na época, opôs-se à presença dos seus livros nas bibliotecas públicas, pois não apreciava a sua postura, o seu comportamento e a identidade que havia assumido pois ela era livre, separada e trabalhava para se manter. Sua escrita também foi marginalizada porque reivindicava direitos iguais e oportunidades iguais para mulheres e homens. Hoje ela é admirada pelas feministas norte-americanas e europeias. 
     Na sociedade patriarcal do século XIX a vestimenta acentuava o antagonismo existente entre homens e mulheres, estabelecendo imagens e projeções de comportamento para cada sexo, além de fixar critérios e não permitir mudanças e muito menos inversões.
      Vestir-se de homem foi uma artimanha para ter acesso ao mundo masculino, para ter liberdade para ir ao teatro sozinha, para participar de rodas literárias e Amandine/ George Sand não era a única.  Houve Flora Tristan e outras escritoras que passaram a se esconder atrás de pseudônimos masculinos. Houve uma romancista inglesa, autodidata, a Mary Ann Evans (1819-1880) que adotou nome e sobrenome masculino e passou a assinar George Eliot, porque só assim conseguiu que os seus trabalhos fossem levados a sério. 
     Vestida com a austeridade dos homens da época, Mary Ann Evans/George Eliot tem como tema principal dos seus romances a vida das pessoas simples, que ela retrata através do mundo dos sentimentos,  com os conflitos dos seres humanos, tais como: angustia, desespero, dúvida, a busca da razão de viver.
    
     
Middlemarch (1874)


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