sexta-feira, 24 de março de 2017

MODA & POLÍTICA

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   Moda - substantivo feminino. 1-Uso, hábito ou estilo geralmente aceito, variável com a época, e resultante de determinado gosto, meio social, região, cultura, etc. 2 -Uso passageiro que regula a forma de vestir, etc. 3 - Arte e técnica do vestuário. (Dicionário Aurélio)

Política - substantivo feminino. 1 - Conjunto de fenômenos e das práticas relativos ao Estado ou uma sociedade.  2- Arte e ciência de bem governar, de cuidar dos negócios públicos. 3- Qualquer modalidade de exercício da política. (Dicionário Aurélio)
       

          Moda e política, uma relação antiga, atualmente pouco comentada. 
          No Brasil colônia, a D. Maria que entrou para a história como Maria, a Louca, baixou um decreto proibindo os burgueses e os nobres brasileiros de se vestirem com tecido fabricado no Brasil. D. Maria foi além: mandou quebrar todos os teares e decretou que no Brasil só se podia produzir tecidos de algodão para vestir os escravos. Burguesia e nobreza nacional deveriam vestir apenas roupas importadas de Portugal, assim como só podiam calçar sapatos vindos de Portugal e no caso das mulheres só lhes era permitido  comprar  jóias vindas de Portugal. 
          O ouro era nosso, mas ia para a "matriz" em estado bruto  e retornava com um design, retornava uma jóia, para adornar colos e braços da então elite nacional.
          Pode ser que esta mania de copiar, de literalmente "piratear" estilos, uma velha mania brasileira, este complexo de "vira-lata"tão falado e comentado, tenha suas origens neste decreto de D. Maria, a Louca.
             
          Dando um grande salto histórico, a primeira estilista brasileira a relacionar  moda com política foi a estilista/costureira Zuzu Angel, que denunciou a bárbara tortura e assassinato do seu filho durante a ditadura militar utilizando, como linguagem,  a estampa. Ela foi absolutamente genial e o mundo inteiro "leu" sua mensagem e se indignou, se solidarizando com a Zuzu-mãe,com a Zuzu-mulher que foi proibida de abrir a boca pelo ditadura militar e fez de "boca-fechada" a sua denuncia num desfile no consulado brasileiro em Nova York (USA). 
     
          Quando digitei , no Google, "moda e politica", as primeiras imagens que surgiram foram  da estilista brasileira Zuzu Angel, da estilista inglesa Vivianne Westwood e do estilista alemão Karl Lagerfeld. 
         A Vivianne já criou diversas coleções-políticas.  No seu desfile de lançamento de verão-2015, havia  referências políticas, inclusive em camisetas, onde estava estampado True  (em inglês, verdade).
          Karl Lagerfeld, com seus mais de 80 anos, continua um criador inquieto. Ao apresentar a coleção verão-2015 da Chanel fez um desfile-passeata pelos direitos da mulher. Encenou uma manifestação feminista, com um elenco de estrelas, entre elas Gisele Bundchen, que carregava cartazes onde se lia: "Faça moda, não faça guerra"; "Feminismo não é masoquismo".
           
        Moda é linguagem e a política é comunicação, afirma a jornalista espanhola Patrycia Centeno.  Mas no Brasil, a moda é tido como  "campo feminino", enquanto a política é dominada pelos homens.A politica ainda é um ambiente masculino, por tradição. Os políticos fingem que não se preocupam com o que vestem. Mas a maioria se preocupa e muito com a imagem que transmitem aos seus (suas) eleitores (as). A politica nacional anda, atualmente, sendo trivial, baixa em seus interesses.
     
        O espirito conservador que privilegia nas mulheres o aspecto físico, sensual e que não permite que elas amadureçam/envelheçam,  não impede que alguns criadores da moda nacional, como o estilista mineiro Ronaldo Fraga,  façam desfiles, apresentando coleções femininas  com mensagens políticas. 
           Fraga já criou uma coleção em homenagem a Zuzu Angel,  criou uma coleção inspirada no Rio São Francisco e, recentemente, apresentou uma coleção em São Paulo, SPFW, com modelos-trans, deixando explicito o respeito à diversidade e o não à violência no Brasil, onde infelizmente, não mais se pode falar sobre gênero nas escolas públicas e em muitas particulares, conservadoras, fora do tempo, andando para trás.
        
           Modelos plus size , ou em um bom português - modelos gordinhas, cheiinhas, redondinhas; cabelos black power, leia-se  cabelos sem alisantes, cabelos sarará, enroladinho, participaram , junto com modelos com vitiligo, de uma das últimas coleções da grife do cantor Emicida. O estilista João Pimenta, que criou, junto com o Emicida, a coleção, usou as cores preto, branco e vermelho, estampas gráficas, peças amplas, quimonos e casacos com ombreiras.  "Sou uma referência de misturas, muito abagunçadas. A marca da coleção 'é nóis', afirmou Emecida.
        Faço aqui apenas um lembrete: o vitiligo já tem cura, em Cuba. Por que será que os remédios cubanos para vitiligo não são acessíveis, atualmente, para os brasileiros? 
           Como os que têm vitiligo no Brasil não têm acesso ao tratamento cubano, resolveram agora ser modelos. Esta semana vi, no programa da Fátima Bernardes,na TV Globo, uma moça com vitiligo, sendo apresentada como "uma modelo diferente", "modelo que luta pela respeito à diversidade"...
              E, para finalizar, destaco a moda-manifesto, a moda-política da etiqueta Uma, que colocou na passarela, no último SPFW (São Paulo Fashion Week) uma modelo com 67 anos, declarados. Importantíssimo que a sociedade brasileira passe a respeitar e admirar a mulher madura.  
           Abordar o direito feminino ao amadurecimento é realizar moda política. Porque política fazemos nós, como bem afirma a escritora Tatiana Salem, "a cada instante. Tudo que tem a ver com a polis é política". Portanto o vestir também é um ato político.            
      
          Imagens: Zuzu Angel e sua estampa denuncia; meninas black power; estilista Karl Lagerfeld e coleção Chanel apresentada em um desfile-passeata; camiseta truth (verdade, em inglês) criada pela estilista inglesa Vivianne Westwood; estilista Ronaldo Fraga e as modelos trans; a mulher cheiinha inclusive na versão Emicida/João Pimenta; a modelo com 67 anos na coleção Uma de Raquel Davidowicz, na última SPFW.   

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 Estampas q lembram política e guerra [11]


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Desfile do LAB, marca do Emicida, no SPFW - foto: Paulo Whitaker / Reuters

Suzana Kertzer na passarela da UMA.

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