terça-feira, 4 de abril de 2017

NEO SENZALA - ESTILO

Carolian de JesusResultado de imagem para quarto de empregada - fotos

                                                               










Quarto 1- Ordinal correspondente a 4.  2- Fracionário correspondente  a 4. substantivo masculino: Numa casa, apartamento, etc, dormitório ou compartimento destinado ao trato intimo. 3- Quarto crescente, astrologia. Fase entre a lua nova e a lua cheia; crescente. Quarto Minguante. Astrologia. Fase entre a lua cheia e a lua nova;minguante. (Fonte: Dicionário Aurélio, edição revista atualizada, 2004).
          
         Quarto de empregada, a senzala personalizada, não está no Dicionário Aurélio. Fingem que não existe. Fingem porque têm vergonha da neo senzala, que "nasceu" quando foi abolida a escravidão, em 1888?

         Comecei a dar aula na Universidade Veiga de Almeida em 1995, quando lá surgiu, sob a coordenação do Instituto Zuzu Angel, a faculdade de moda, hoje faculdade de design de moda. 
          O Instituto Zuzu Angel saiu da Universidade Veiga de Almeida creio que em 2005. Eu continuei dando aulas lá até ser demitida, pelo telefone, em 2008.
          Entre 2005 e 2008 dei várias aulas, continuei coordenando a pós graduação em produção de moda, hoje chamada de stylist. E neste período, não me lembro em que ano, tive uma aluna que entrava na sala muda e saia calada. Ouvia toda a aula e nada perguntava e nem nada questionava.
         Um dia cheguei bem mais cedo e. entrei na sala de aula e fiquei aguardando  a aluna que nada dizia, chegar. Quando ela entrou, foi direto para o local onde sempre se sentava e ficou lá, calada, como sempre. 
        Eu, aproveitando que nem *todas as alunas* haviam chegado, me dirigi a ela e lhe perguntei seu nome e também lhe perguntei por que estava estudando moda e o que ela pretendia desenvolver, onde desejava trabalhar, quando finalizasse a faculdade.
          Ela me disse que gostava de customizar, ou seja, reformar, dar vida nova às velhas roupas, velhas companheiras da vida. E me confidenciou, em voz baixa, como se estivesse com vergonha, inclusive de si mesma: "Professora, sou empregada doméstica, durmo em um quarto de empregada, e estou aqui porque a família onde trabalho, desde menina, resolveu me pagar a faculdade de moda, para que eu realizasse um sonho antigo. E para chegar aqui fiz ENEM, concluindo o ensino médio, que havia antes deixado pela metade."
        Ela a seguir me perguntou o que eu poderia sugerir para ela desenvolver como trabalho final.  E eu lhe disse: "desenvolva uma coleção inspirada em um quarto de empregada. Mostre a sua realidade para todos e todas, para o Brasil e quem sabe, para o mundo".
        Finalizando: Ela não aceitou. Afirmou que não havia interesse em se conhecer um quarto de empregada e que tinha vergonha de apresentar uma coleção inspirada no "quarto de empregada".
        Pouco tempo depois, a TV Globo lançou "Cheias de Charme", a vida das "empreguetes" que se tornavam cantoras e de sucesso. Esta novela teve uma grande audiência.  

 Em tempo** (porque os asterix - quando me refiro às alunas) . Pois a maioria dos alunos de moda nas diversas , dezenas de faculdades de moda ou de fashion espalhadas pelo imenso Brasil são do sexo feminino ou/e gays, porque aqui, no Brasil, ainda consideram que moda é um assunto de mulher ou de gay.  Sobre esta questão leiam o livro blog que escrevi. Link: www.http://nascigay.blogspot.com.br  

        "Quarto de despejo -diário de uma favelada"  é o nome do livro ( 1960) de Carolina de Jesus, ex-catadora de papel, ex-empregada doméstica, que morava em uma favela no Estado de São Paulo,e foi "descoberta"  pelo jornalista Audálio Dantas, que leu os cadernos de anotação dela, escritos em forma de diário e publicou trechos dos seus relatos na extinta revista "O Cruzeiro", do grupo Diários Associados de Assis Chateaubriand. Carolina se tornou uma importante escritora e teve suas obras traduzidas em mais de dez (10) línguas.


        Acima, uma foto de Carolina de Jesus e uma imagem de um quarto de empregada, também um guarda-tudo, guarda-embrulhos. com um leito disponível.
          No Brasil, a empregada pode circular por toda a casa, arrumar, varrer a casa, passar roupa, cozinhar, cuidar dos filhos dos seus patrões. Mas na hora de dormir, tem um quarto à parte, geralmente próximo ou associado à cozinha e com um minúsculo banheiro, para ser usado apenas por ela, empregada doméstica,  a fim dela não se misturar com a família à qual serve, muitas vezes , sem horário fixo e às vezes também sem fim de semana. 
         No governo do PT  (ex-presidente Lula - Luiz Inácio Lula da Silva -  e ex-presidente Dilma Rousseff) houve mudanças na legislação trabalhista exigindo, que as empregadas domésticas tivessem direito a carteira de trabalho assinada, horário de trabalho, pagamento de horas extras, pagamento de férias, 13º salário e mais , no caso de demissão, aviso prévio, férias proporcionais, etc, etc. Conclusão, a classe média teve que abrir mão das empregadas em função da nova legislação, que agora pode ir abaixo, com a terceirização do trabalho aprovada, pelo congresso nacional, no atual governo temer. 
         Pergunta: será que reiniciaremos um ciclo de senzala, para todos e todas, em pleno século XXI? 
         
Abaixo, a ex-feirante Naira Lili, hoje modelo que "se prepara para conquistar Londres (Inglaterra) segundo reportagem do Caderno Ela, jornal O Globo, edição de 18 de junho de 2016. Na foto, ela veste  camisa Burberry que custava em junho de 2016 - R$ 2.795,00 e mais 'Casaqueto' por R$ 3.600,00, calça R$2.300,00, ambos Imporio Armani. Bolsa Gucci por, na época, R$10.800,00. Pulseira Lisht por R$ 8.998,00 e óculos Christian Dior R$ 1398,00. Mais uma vez a vitória das roupas importadas (o que é bom, vem de fora, complexo de vira-lata dos brasileiros (as)) e a vitória,  no Brasil, da  versão Pigmaleão, peça teatral escrita por Bernard Shaw  em 1913. Abaixo, resumo da peça, que copiei do Google e colei. Tirem suas conclusões.
"Pigmalião, é uma peça teatral escrita em 1913 por George Bernard Shaw, que conta a história de uma mulher do povo transformada em mulher da alta sociedade.
A peça conta a história de Eliza Doolittle, uma mendiga que vende flores pelas ruas escuras de Londres em busca de uns trocados. Em uma dessas rotineiras noites, Eliza conhece um culto professor de fonética Henry Higgins e sua incrível capacidade de descobrir muito sobre as pessoas apenas através de seus sotaques. Quando ouve o horrível sotaque de Eliza, aposta com o amigo Hugh Pickering que é capaz de transformar uma simples vendedora de flores numa dama da alta sociedade num espaço de seis meses.[1]
A obra foi adaptada para o cinema com o nome My Fair Lady (br: Minha Bela Dama ou Minha Querida Dama/ pt: Minha Linda Senhora), um filme estadunidense de 1964, do gênero comédia musical e dirigido por George Cukor. Além do filme, ainda foi adaptada para a televisão com o nome "Totalmente Demais", uma telenovela da Rede Globo de 2015, dirigido por  Luiz Henrique Rios."








































http://brasil.elpais.com/brasil/2015/01/17/politica/1421520137_687513.html?id_externo_rsoc=FB_BR_CM

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