quinta-feira, 22 de março de 2018

ETERNA ARISTOCRACIA







 Moda, o que é moda, no Brasil? Quando os portugueses aqui chegaram, havia índios que andavam nus. 
Há uma poesia de Oswald de Andrade que diz: "Quando o português chegou debaixo de uma bruta                                                                         chuva
                     Vestiu o indio
                     Que pena!
               Fosse uma manhã de sol
    O índio tinha despido o português"

          Dando um pulo histórico, a nobreza portuguesa, ao Brasil chegar, fugindo de Napoleão, trouxe os hábitos, maneiras, trajes e comportamentos franceses que logo foram assumidos pelos brasileiros  que desejavam ser bem quistos, pensar e agir  como os seus colonizadores. 


         No livro "O Brasil tem estilo?" (editora Senac, 2000) no capítulo onde há uma breve história sobre a moda no Brasil, eu escrevi:"as referências francesas do nosso dia-a-dia, sobretudo na moda, se iniciaram no Brasil Colônia e chegaram a dominar metade do século XX. (...) Hoje, são os EUA que irradiam, para muitos brasileiros e brasileiras, brilhos, modos, modas e costumes." 
         
        A moda nacional ainda vive a "eterna aristocracia" e traduz ,como comportamento, a mania do brasileiro de ser estrangeiro, em sua própria terra. 
       A busca por nossas raízes, nossa realidade, ocorrem. Destaco alguns momentos. 
Um deles é a vereadora Marielle Franco, brutalmente assassinada, que tinha um jeito de ser, um jeito de vestir que traduzia a sua nacionalidade, o seu pertencimento, a sua ideologia. Fiquei chocada com a forma brutal como assassinaram uma mulher , a vereadora Marielle Franco, que jamais negou suas origens , nem suas raízes, inclusive na forma de se vestir. E jamais "cuspiu no prato onde comia", como bem diz a nossa sabedoria popular.
       
          Mas  há muitos estudantes de moda, ou fashion designers, que são, utilizando uma expressão criada pelo economista Paulo Nogueira Batista Jr, "espiritualmente castrados. Suas ligações com o Brasil são tênues, duvidosas e refletem uma formação que gera uma "desnacionalização"  
Vale refletir sobre a questão? 
               
     

 Em tempo:No brilhante artigo que escreveu para o Jornal do Brasil , edição de 16 de março de 2018,  Paulo Nogueira Batista Jr, diz que há economista formado em escola brasileira de economia que ensina à moda americana  que é "quase sempre 'cosmopolita' no pior sentido da palavra - no sentido em que ela foi usada por Euclides da Cunha, por exemplo, para quem o cosmopolitismo era o "regime colonial do espirito". 
          E Paulo Nogueira afirma: "como dizia Nelson Rodrigues, brasileiro não pode viajar. O estudo no exterior produz uma verdadeira desnacionalização mental - os alunos absorvem não só conceitos e teorias, mas também valores. Saem daqui provincianos, suburbanos, e voltam orgulhosos "cidadãos do mundo", aparentemente sofisticados, na verdade espiritualmente castrados. (...)"






Na foto acima, publicada no jornal O Globo, edição de 25 de março de 2018, o médico Sergio Cortês, ex-Secretário de Saúde do governo Sergio Cabral (RJ), com uma camiseta onde está escrito em inglês: "There's no better friend than daddy and there's no better daddy than you". 
Será que  todos brasileiros entendem o que está escrito? A foto foi publicada em destaque ilustrando uma página inteira, uma edição de domingo, dia de grande circulação do jornal.
Resultado de imagem para Lula vestindo camiseta
https://www.facebook.com/PTRJ13/videos/1113410682135569/
Acima, ex-Presidente Lula  com camiseta "sangue corinthiano". Nunca vi o ex-Presidente usando camisetas com palavras em inglês. Isso faz muita diferença. Para mim faz muita diferença. Nasci em João Pessoa (PB); morei dos dois aos cinco anos de idade em Alagoinhas (BA); fui alfabetizada na Itália, onde também morei quando criança. Já estudei nos EUA. Mas nunca perdi a minha nacionalidade. Sou brasileira.

Abaixo, linda imagem da vereadora Marielle Franco, alguns links e copiada/colada a noticia de um desfile de 2003, da etiqueta Sta Ephigênia, "com inspiração social, ao som da bateria da Mangueira.Na época, foi publicada uma reportagem no O Globo, com o seguinte título: "Moda-favela: Rio Fashion dos Contrastes". Eloysa Simão faz falta. 



Noire, lesbienne, communiste, Marielle Franco représentait tout ce que détestent les nouveaux maîtres du Brésil. Mario Vasconcellos/Rio de Janeiro Municipal Chamber/AFP
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10214075088730214&set=a.1409776323392.2052604.1202006188&type=3
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=346058322540412&set=a.134296343716612.1073741828.100014087410850&type=3
https://www.facebook.com/ajplusespanol/videos/1822826677769673/
http://www.contioutra.com/pobre-que-pisa-em-pobre/
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/03/09/uniao-vence-acao-contra-juiz-que-adiou-audiencia-do-lavrador-de-chinelos.htm?cmpid=fb-uolnot
http://www.socialistamorena.com.br/eugenia-brasileiros-que-importam-semen-dos-eua-viram-noticia-internacional/

Santa Ephigênia traz bateria de samba e cores
 
Ludmilla Lima
Celso Ávila/Especial
Bateria no desfile da Sta. Ephigênia
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» Fotos dos famosos do 1º diaA bateria da Imperatriz Leopoldinense deu uma canja na entrada do desfile da grife Santa Ephigênia, segunda a desfilar no primeiro dia do Fashion Rio. Nada poderia representar melhor o espírito brasileiro, especialmente o carioca. A batucada embalou os momentos que antecederam o desfile, enquanto os convidados se acomodavam em seus lugares.
O luxo da coleção da Santa Efigênia foi apresentado diante de um cenário feito de caixas de feira e música que remetia ao popular: sambas antigos, a favela, a periferia.
As modelos exibiram muitas saias curtíssimas, vestidos, túnicas e transparências cheias de sensualidade. Em quase todas as peças, a alegria das cores e a vivacidade de flores, quase sempre enormes, sejam bordadas ou aplicadas às peças.
A coleção assinada por Marco Maia e Luciano Canale pede um verão de noites quentes e que transborda de alegria. Nenhum detalhe passa despercebido. O erudito se mescla ao que é popular. O senso de humor não diminuiu nem quando uma modelo tropeçou na bainha de uma das túnicas.

A classe média brasileira em fuga, após o golpe. Cá entre nós, muitos apoiaram o golpe ...
Agora, incapaz de lutar para recuperar direitos perdidos ou a caminho de serem perdidos e sem perspectivas, procura o aeroporto mais próximo.
Antes, pesquisa no Arquivo Nacional seus antepassados em busca de dupla cidadania. Fonte: jornal O Globo, edição de 19 de março de 2017
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10211943311758814&set=a.4958525161587.2195849.1252743532&type=3

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