domingo, 22 de julho de 2018

A VIDA É EFÊMERA; A MODA É EFÊMERA

        A maioria vive numa camisa de força: veste o que todos vestem, vivem 
'anestesiados' pois têm medo de parecerem diferentes.Diz a escritora Hilda Hilst :"no fundo, nós vivos, parecemos mortos."  
   
   
       Para serem vistos como "normais" as pessoas abrem, muitas vezes, mão da memória e da imaginação. 
       Memória, guarda, inclusive informações de onde viemos, nossas origens, nossos antepassados. 
       A imaginação, nos leva  para a criação. Qual estilo tem a ver comigo? Qual estilo expressará meus sonhos? Pois como bem disse o escritor George Orwell, no livro The road to wigan pier, "você pode ter só três tostões e meio no bolso e nem sequer uma perspectiva em vista ... Mas com a sua roupa nova, pode parar na esquina da rua, imaginando que é Clark Gable ou Greta Garbo". Atualizando, para o Brasil: "Você pode, como sua roupa nova, parar na esquina e se imaginar um (a) artista das novelas da TV Globo ... 

       Para não ficar cansativo, limito-me a incluir neste repertório poesias de Carlos Drummond de Andrade que chegou a dedicar versos "em louvor à minissaia e à miniblusa".
       
      Enquanto comportamento ou enquanto ficção, a moda imita a vida, onde tudo passa. Dizem os franceses: tout passe, tout casse, tout lasse. Mais do que qualquer outra manifestação cultural, a moda espelha a vida como ela é, passageira.
Do momento em que nascemos até a nossa morte estamos permanentemente envolvidos em tecidos, naturais ou sintéticos. Pois a moda faz parte da trama da vida. 
        Basta olhar uma foto amarelecida pelo tempo para captar pela maneira como as pessoas estão vestidas qual era, por exemplo, o estilo que determinava a feminilidade e a masculinidade naquela época, pois estes conceitos também são mutantes.

       Moda vai muito além de combinar isto com aquilo. Ela engloba toda uma análise de comportamento e um importante estudo dos costumes da sociedade. 


       Ninguém está imune ao fascínio que  moda exerce já pelo simples e corriqueiro ato de vestir-se que, no mundo ocidental e no oriental, representa muito mais do que somente cobrir o corpo. A moda é uma porta aberta para a forma de ser, para o espírito de uma época.
       O imortal escritor Machado de Assis já havia captado, no século XIX, a importância do vestuário, que é analisado com uma atualidade impressionante na seguinte passagem do romance Brás Cuba: "A natureza previu a vestidura humana, condição necessária ao desenvolvimento da nossa espécie. A nudez habitual, dada a multiplicidade das obras e dos cuidados do individuo tenderia a embotar os sentidos e a retardar os sexos, ao passo que o vestuário, negaceando a natureza, aguça e atrai as vontades ...!"
   
Escaneado: 1) Programação 'Casa de não ficção", Flip-2018, onde haverá no dia 26 de julho a palestra "por que o jornalismo de moda não é algo frívolo", com inicio marcado para as 13 horas. 2)  "A moda imita a vida",artigo que por mim escrito, publicado na (extinta) revista Claudia Moda (editora Abril) edição de outubro de 1991, sobre a importância do jornalismo de moda. 3) Programa do curso sobre jornalismo de moda que ministrei na Rhodia, em São Paulo.
https://www.facebook.com/espsetar/videos/867069433503099/


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