sexta-feira, 24 de agosto de 2018

NUNCA É TARDE PARA ESTAR NO PALCO

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"A vida é como a vela: para iluminar é preciso queimar. A vela que ilumina é uma vela alegre. A luz é alegre. Mas a vela que ilumina é uma vela que morre. É preciso morrer para iluminar. (...) Há velas felizes cuja chama só se apaga quando toda cera foi derretida. Mas há velas cuja chama é subitamente apagada por um golpe de vento.(...) Rubem Alves - www.rubemalves.com.br 

A Velhice não deixa de ser uma percepção que varia no tempo", afirma, sabiamente, Graça Lago. Digo sabiamente, porque durante um longo tempo, o jovem era tido como "adulto imperfeito". Ou seja, enquanto não amadurecia, vestia roupas infantis ou se vestia  feito um adulto sem ser - exemplo o quadro "As meninas" de Diego Velazquez (pintado em 1656 e retrata a família de Felipe IV).
     Foi a partir dos anos 60, com a revolução dos costumes, que a moda jovem passou a dominar o mundo ocidental. E o jogo foi invertido: ainda hoje, em certas culturas,  é "proibido envelhecer".
       Estados Unidos e o Brasil estão liderando as cirurgias plásticas no mundo ocidental. Mas cabe ao Brasil liderar a plástica nos glúteos, leia-se bumbum/bunda. Assim como cabe à industria de lingerie nacional a criação das calcinhas com "enchimento" na bunda, para aumentar o tamanho do bumbum, que fica semelhante a uma bunda de criança usando fraldas....Há gosto para tudo.



      No livro "A velhice"escrito por Simone de Beauvoir, editado na França em 1970 ( La Viellesse,Éditions Gallimard),a célebre autora do "Segundo Sexo"afirma que "a América (leia-se E.U.A) riscou de seu vocabulário a palavra morto: fala-se caro ausente; do mesmo modo ela evita qualquer referência à idade avançada. 
      E, na introdução do seu livro sobre a velhice,  Simone de Beauvoir afirma: "Os velhos não constituem qualquer força econômica não tem meios de fazer valer seus direitos: o interesse dos exploradores é o de quebrar a solidariedade entre os trabalhadores e os improdutivos, de maneira que estes não sejam defendidos por ninguém. Os mitos e os clichês postos em circulação pelo pensamento burguês se aplicam em mostrar o velho como o outro. 'É com adolescentes que duram um número bastante grande de anos que a vida faz velhos', observa Proust. Ou seja, trocando em  miúdos, só envelhece quem não morre, por exemplo, aos trinta ou quarenta anos. Chegando a hora, e mesmo quando esta já se aproxima, preferimos a velhice à morte. 
     "(...) Ao passo que não é num instante que ficamos velhos: quando jovens, ou na força da idade, não pensamos, como Buda, que já somos habitados pela nossa futura velhice. (...) Aos 20, aos 40 anos, imaginar-me velha é imaginar-me uma outra. Há algo de amedrontador em toda metamorfose. Todos os seres humanos são mortais: todos e todas pensam nisso. Um grande número deles (as) fica velho (a): quase nenhum encara com antecedência este avatar.
"Pois a espécie humana é aquela em que as mudanças causadas pelos anos são as mais espetaculares. (...) Não sabemos quem somos se ignorarmos quem seremos. (...) A economia é baseada no lucro; é a este, na prática, a que toda a civilização está subordinada: o material humano só interessa enquanto produz. Depois é jogado fora."
(...) "Num mundo em mutação, em que as máquinas têm vida muito curta, não é necessário que os seres humanos sirvam durante um tempo demasiadamente longo. Tudo que ultrapassa 55 anos deve ser descartado como refugo", afirma o antropólogo Leach, de Cambridge.

     Nas fotos, exemplos de mulheres com mais de 60 anos que estão modificando a relação delas, enquanto seres humanos, com o tempo, "portanto sua relação com o mundo e com sua própria história. 
     Afinal, como bem diz Simone de Beauvoir, "a velhice não é um fato estático; é o resultado e o prolongamento de um processo. (...) Em que consiste envelhecer? Esta idéia está ligada à idéia de mudança. Mas a vida do embrião, do recém-nascido, da criança é uma mudança contínua. Um tal paradoxo desconhece a essencial verdade da vida; esta é um sistema instável no qual, a cada instante, o equilíbrio se perde e se reconquista; é a inércia que é sinônimo de morte. Mudar é a lei da vida."
Nas fotos, escaneadas: Rita Cadillac, interpretando no teatro  "Luz del Fuego";a modelo Suzana Kiertzer, 67 anos, desfilando para a etiqueta Uma, de Raquel Davidowicz, que afirma: "hoje roupa não tem idade. Então não há razão para só se mostrar modelos muito jovens." E vale destacar as fotos realizadas por Nana Moraes, com a atriz e modelo Ilka Soares, que foi uma das primeiras modelos do Rio de Janeiro (trabalhou na histórica Casa Canadá). Ilka , aos 86 anos apresenta (inclusive na foto,copiada e colada) a coleção do seu neto Thomaz Azulay, estilista da marca carioca "The Paradise". Escaneado, também um texto de uma querida ex-aluna minha, sobre a questão de gosto, onde há uma breve reflexão sobre o "ter que ser magra": uma exigência que pode gerar doenças", como bem afirma, minha ex-aluna Anna Carolina.
  


Suzana Kertzer na passarela da UMA.

Resultado de imagem para Ilka Soares e The Paradise

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