segunda-feira, 4 de maio de 2015

MODA ESTADUNIDENSE 1980-1989



       As leis do grande capital: esta é uma era de notável consumo. Estilista norte-americanos como, por exemplo, Ralph Lauren, Calvin Klein e Donna Karan consolidam grifes que levam os seus nomes. 
       Ronald Reagan como presidente da república determina o "tom" do novo conservadorismo da sociedade, que exibe elegância e festas extravagantes, com luxo.

      Os Reagans trouxeram, para a Casa Branca, um pouco de Hollywood e impulsionaram o espírito country. Os estilistas norte-americanos ficaram felizes em ter, como primeira-dama, Nancy Reagan com a sua "queda" por roupas de luxo, de gala, para as festas de Washington.
       Na maior parte da década dominam as seguintes regras de estilo: ombros estruturados, ombros fortes, modelagem à la Mugler e Montana e fantasia, imaginação/idéias velozes de Saint Laurent e Valentino, grandes poufs de Lacroix, enquanto um movimento contracultural trama com a preciosa classe dos belgas, liderados por Martin Margilla e Ann Demeulemeester. As idéias dos belgas vão influenciar também os anos 90.
        O casamento de lady Diana Spencer com o príncipe Charles é um "conto de fadas". E o vestido de noiva de Diana, criado pelos ingleses David e Elizabeth Emanuel, se transforma no vestido de noiva mais copiado em todo o mundo.
       A indústria da moda tem um problema: a devastação humana provocada pela Aids. E , no final da década, cai a cortina de ferro e acaba a guerra fria.

                                     NASCE A MTV

        Como subproduto do rock, a moda alcança a "pequena tela" com o surgimento, em 1981, da MTV. Marc Jacobs afirma "Sexo vende música. E música vende roupa". 
         Madonna ostenta peças sem valor, como tops presos por cordões, saias justas e luvas sem dedos, assim como apresenta (e consagra) os corpetes/espartilhos de Jean Paul Gaultier, conjugados com calças listradas. Milhões de adolescentes, em todo mundo, seguem a moda e os modismos lançados por Madonna.
          Quando Stevie Nicks vestiu seus vestidos floridos ou Cyndi Lauper seus conjuntos Funky: "as garotas só desejam se divertir", no dia seguinte. Os rapazes também influenciaram a moda. O estilo de Versace adotado por Michel Jackson é copiado por adolescentes "presos" ou "fiscados" pela rede a cabo. Seatle Rockers trazem de volta o grunge para as manchetes. O piercing deixa suas marcas e há uma androgenia: Boy George e Annie Lennox derrubam o esteriótipo sexual e o man-tailoring vira uma caricatura.

                                         OS JAPONESES

           O estilista japonês Rei Kawakubo lança, em 1981, sua primeira coleção pela etiqueta Comme des Garçons. Ela e o seu compatriota Yohji Yamamoto criaram muitas roupas avant-garde que modificam as idéias aceitas sobre feminilidade. Enquanto geram muitas controvérsia, as influências de Rei e Yohji ecoam, globalmente, em toda a indústria da moda.

                                    ESTILOS EM VOGA

              Em meados dos anos 80, os ombros permanecem "fortes/robustos" e desleixados; a voga é o sobretudo masculino. Consumidores também aderem a um reviver dos anos 60, com as estampas Pucci, as calças boca-de-sino e os micro vestidos.
               Estilistas minimalistas como Michael Kors atraem a atenção com roupas que são destituídas de ornamentação , mas ricas em formas. Em 1987, saias ou vestidos curtos conjugados com black opaque tights estão em toda parte. E os vestidos curtos invadem a noite e são aceitos como uma nova e jovem forma de se vestir à noite.
               A paixão pelo curto é vivida pelos lojistas e consumidores. Mas a micro saia fracassa no varejo e os estilistas retrocedem e descem as bainhas até abaixo dos joelhos ou até no meio das pernas.

                                       OUTROS ESTILOS

               Esta década que tem "fome" de moda, assiste ao florescer de novos estilistas e de novas alianças. No inicio dos anos 80, Azzedine Alaia faz o seu primeiro show e se torna o titular, o agente, do estilo sexy. Domenico Dolce e Stefano Gabbana unem forças e criam a grife Dolce e Gabbana. O visual lingerie sexy se transforma na sua marca registrada. A primeira coleção de roupas minimalistas de Romeo Gibli é groundbreaking para a época e Anna Sui lança seu estilo jocoso, transgressor.
                 Após ter ficado dez anos criando, junto com Louis Dell'Olio, para a grife Anne Klein, Donna Karan abre sua própria etiqueta em 1984. Sua coleção, baseada em peças "assentadas" em cima de um body-suit é recebida, no seu primeiro ano de vida, com um elogios mesclados por muitas críticas.
                 Marc Jacobs, com o seu exuberante estilo juvenil/vigoroso apresenta suas novas pretensões, fora da Parsons, em meados dos anos 80. Isaac Mizrahi apresenta, pela primeira vez, o seus vivo/alegre/jovial sportswear cheio de cor em abril de 1988. E Martin Margiela, assistente de Jean Paul Gaultier,cria sua primeira coleção de moda avant-garde, baseada em material reciclado. Em 1989, Gianfranco Ferré substitui Marc Boham como estilista da maison Christian Dior.

        KARL KAGERFELD É COROADO NA MAISON CHANEL


                  No início, como responsável pela coleção Chanel, ele recebeu uma morna recepção. Mas após conviver algumas estações com os "cintos das correntes", Karl começou a redimensionar a venerável maison, misturando "chanelismos" com uma verve moderna, numa das mais quentes coleções já vistas.

                                     RELÓGIO DE PLÁSTICO

                      Conhecida com a "moda que faz tique-tique", a Swatch preencheu a uma, até então, desconhecida demanda pelo novo,( inexpressivo) relógio, quando lançou sua primeira coleção em 1983. O resultado foi uma procura frenética pelos relógios "cheios de cor". Venderam, no primeiro ano, mais de um milhão de relógios!

                                      O TEMPO DE PERRY

                          Perry Ellis é chamado, em 1980, de o Claire McCardell contemporâneo. Suas roupas, cortadas/modeladas em tecidos naturais, têm um espírito jovem, aventuroso. E a sua suéter tricotada à mão torna-se sua marca registrada. Após sua morte, em 1986, a sua maison permaneceu intacta tendo, até 1993, Marc Jacobs com diretor de estilo. 

                   MULHERES QUE TRABALHAM
                                        

                      As mulheres entram, em grande número, no mercado de trabalho. Pesquisas comprovam que a participação da mulher norte-americana no mercado de trabalho, cresce 52% em 1980 para 58% em 1990. E as pesquisas também comprovam que muitas mulheres ocupam cargos muito bem remunerados como, por exemplo, advogadas e médicas, assim como ocupam mais cargos executivos em todos os campos.
                        Daí que o resultado (ou a consequência) é o predomínio de poderosos conjuntos e a genesis de vestir uma roupa que se adapte para o dia e para a noite. Assim como os estilistas respondem às necessidades da executiva com a sua inseparável pasta, a indústria prepara, para a mulher que trabalha fora, todo um novo segmento de mercado. E preço não é assunto na moda ...
                       Esta década dos excessos e o público está ávido pelas criações das grandes marcas, pelos artigos de luxo e pelas finas bijuterias. As poderosas, ou seja, as mulheres que assumem o poder no mercado de trabalho, e as senhoras que Lunch se vestem no estilo Chanel, Giorgio Armani, Oscar de la Renta, Bill Blass e Adolfo.
                      É claro que as mulheres necessitam de uma silhueta que  rivalize com a de Jane Fonda. O que esta "alta sacerdotisa" do fitness (tradução literal, da boa forma) começou nos anos 70 chega ao auge nos anos 80. E as roupas do fitness tornam-se moda. Karl Lagerfeld apresenta, na sua coleção, shorts para bicicletas. E as mulheres vestem leotards para lunch e para ir aos clubes. Nike e Reeboks tornam-se status em calçados.

                                    NO CINEMA

                       Os filmes ajudam a cultivar poucas tendências e a carreira dos estilistas. O terno de Richard Gere em American Gigolô divulgou muito o nome e o trabalho de Giorgio Armani. E Flash Dance, filme de 1983, levou as mulheres a cortar suas sweatshirts e a descobrir um dos ombros ...!!!

                                      TUDO PELO SOCIAL

                        Em 1981, a socialite Carolina Herrera, estimulada (ou encorajada) por Diana Vreeland, abre sua loja de estilo, especializada em roupas para a noite e em polidos/educados conjuntos e vestidos. Ela conquista como clientes  suas amigas Jacqueline Kennedy e Nancy Reagan.
                         Após vestir suas amigas durante anos, a elegante Jacqueline de Ribes lança, em 1983, uma coleção de roupas para após as cinco horas da tarde e dirigida basicamente ao comércio, ao mercado norte-americano. Seu debut em Paris pôs em cena as poderosas casas de estilo da França: Yves Saint-Laurent, Emanuel Ungaro e Valentino que haviam, no passado, vestido a viscondessa. 
                        Carolyne Roehm, que foi assistente de Oscar de la Renta, e agora é esposa do financista Henry Kravis (que a põe no mundo dos negócios) toma como modelo os conjuntos, o tipo de roupa que suas amigas socialites gostam de usar e lança sua primeira coleção.

                      NASCIMENTO DAS MEGAS MARCAS


              Na década de 80, os estilistas norte-americanos já se tornaram celebridades internacionais. Ralph Lauren é o lider com um marketing sedutor onde a aspiração pelo estilo de vida apresentado nos seus anúncios eclipsa até o seu merchandise.
                É a infância das megas marcas. Estilistas como Giorgio Armani, Ralph Lauren, Calvin Klein e Donna Karan são a ponta da lança para um novo conceito de construção de uma marca, criando de tudo: do prêt-à-porter, à lingerie, meias, acessórios, fragâncias, cosméticos e mobília para a casa.

                                    CRESCE O ESTILO JEANS

                      A crise do jeans estilizado, que criou raízes dos anos 70, é vencida através de anúncios provocativos. A mais simples, a única imagem dominante desta era surge em 1980, quando Calvin Klein lança sua linha de blue jeans em seis comerciais para a televisão, dirigidos por Richard Avedon e tendo como estrela a Brooke Shields, na época com 15 anos. E o mais famoso destes comerciais tem Shields sedutoramente perguntando: "Você qauer saber o que existe entre eu e o meu Calvin? Nada!!" (What comes between me anda my Calvins? Nothing!!"). Entre as conhecidas marcas de jeans há Glória Vanderbielt, Jordache, Sasson, Fiorucci e Guess. Esta última foi criada em 1981 pelos irmãos Marciano. 
                        As mochilas vêem de um longo caminho, de uma origem utilitária. Agora são um acessório indispensável para os adolescentes, adultos (que adotam o estilo adolescente) estilistas, artistas e consumidores semelhantes.
   




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Michel Kors, dos anos 80 do século XX, ressurge com total destaque no  Caderno Ela, jornal O Globo, edição de 2 de maio de 2015 - século XXI. Recordar é viver.




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