sábado, 25 de abril de 2015

MODA ESTADUNIDENSE 1970-1979

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       Um dos mais "insultados" periodos da moda e ironicamente um dos mais revisitados é a década de 70, frequentemente chamada de "a década do gosto perdido".
       Trata-se de uma época de excessos, quando a auto-indulgência levou ao consumismo e as pessoas dão um impulso aos limites do hedonismo. 
       A cultura das drogas se converte num fenômeno de massa. Liberdade sexual é um grito, um brado revigorado.O feminismo ganha terreno. Os clássicos se tornam "fora de moda". As cores são extravagantes; os sapatos são altos e perigosos; as silhuetas são exageradas.O gosto é temporariamente derrotado.
       O escritor e jornalista Tom Wolfe apelidou os anos 70 de "a década do eu" (me decade), referindo-se aos excesso de auto-referência: "Olhe o meu jeans estilizado, bem agarrado ao corpo!" - "Olhe para mim na discoteca, esta noite ..." Durante 33 meses, após ter sido inaugurada em 1977, o Studio 54 tornou-se o epicentro do estilo, misturando celebridades do mundo das artes, da moda e da sociedade.
       

       Na verdade, os anos 70 tiveram dois momentos. No primeiro, a moda estava de ressaca do movimento hippie, oriundo dos anos 60, e marcado, sobretudo, pelo estilo étnico e pela influência retrô. Depois, numa segunda fase, veio o rock e um estilo mais violento, incluindo o gênero terrorista chique e um visual agressivo. O movimento feminista bane a pouca roupa. As mulheres tiram o sutiã e calça comprida torna-se popular, obscurecendo a fronteira entre o masculino e o feminino.
        De fato, o estilo andrógino via (historicamente) Marlene Dietrich ou os smokings de Yves Saint Laurent são temporariamente 'desbancados' pelo (ultrajante) David Bowie, ele/ela excêntrico, sapatos com salto plataforma, consciência do corpo. Em 1976, Mr. Blackwell disse que Elton John era "a mulher mais mal vestida do ano ....!"
       Ligando-se às suas raízes, os negros norte-americanos adotam roupas tradicionais como, por exemplo, caftans e dashikis. No filme "10", a atriz Bo Derek lança o visual dos seus cabelos louros trançados, o que provoca um modismo.
       A moda popular da época inclui justos vestidos-camisas, comprimento midi, cinturas marcadas por cintos, calças tipo "gaucho" com botas, tons neutros, bolsas em crochê, chapéus e foulard. O tecido poliéster é o máximo. E a modelagem das calças compridas vão da boca de sino no início dos anos 70 às calças coladas, justas ao corpo, afiladas. Os vestidos suéteres de Halston, blusas com gravatas, colarinhos grandes/largos e a influência étnica também foram importantes na era das discotecas.

                                A CAMISETA-MANIA

        Em 1973, a camiseta se torna o simbolo número 1 da contracultura em todo o mundo, adotada (como um capricho) de St. Tropez , na França a Greenwich Village, em Nova York. 
       A camiseta se transforma num "quadro" onde se divulga slogans políticos, piadas e nomes de grifes. A crise do governo Nixon, o famoso watergate, inspira camisetas com a frase: Don't Bug me - numa tradução literal, "não me amola; não me moleste".  Franceses demonstram interesse pelas camisetas das universidades norte-americanas, enquanto os novaiorquinos amam as camisetas estampadas com o hot dog da Nathan. As camisetas também ' dançam nas discotecas', desde que sejam brilhantes ou tenham "imitações de diamantes". Em Los Angeles, houve uma loja que chegou a vender mais de 10 dúzias de camisetas com "imitações de diamantes".
                          O CINEMA DEFINE O ESTILO

       Nenhum filme define melhor a década do que o Saturday Night Fever. As discotecas têm uma profunda influência na moda. E no fim dos anos 70 até as bonecas Barbie estão vestindo os leves e dançantes vestidos e usando meias-calças. A moda-discoteca tem brilho: é tão luminosa quanto a esfera feita de espelhos que roda acima dos dançarinos. Cetim, lurex, qualquer tecido que brilhe é aceitável. E os estilistas norte-americanos, incluindo Norma Kamali, Betsey Johnson, Stephen Sprouse fazem com que o visual disco seja usado, também durante o dia. 
       A moda e o cinema destacam o chapéu de crochê e o lenço-foulard que Ali MacGraw usa no filme  Love Story. O visual funk com enormes e largas calças e camisas abertas nos filmes  Shaft e Superfly e o visual de Diane Keaton no filme  Annie Hall: camisas grandes (oversized) por dentro de blazers/casacos e complementadas por gravatas, amplas e longas saias, calças baggy na cor cáqui e chapéus masculinos. E uma nova onda de rape hip-hop germina no Bronx (bairro de Nova York) com os B. Boys e as Fly Girls.

                                    O SHORT-SHORT

       O short-short torna-se um hit, ganha muita repercussão. Surgem, primeiro na Europa, em 1970 e conquistam os EUA no ano seguinte. Eles se apresentam em todos os lugares, leia-se nas casas, nos escritórios. E ganham as bençãos da igreja episcopal St. Thomas, em Nova York, cujo orador afirma: "Deus fez as pernas. Eu não creio que elas necessitam ser cobertas."
 
 
                                                  PUNK ROCK

       "Too fast to live, too young to die": Este é o nome original da butique londrina que Vivienne Westwood e Malcolm McLaren abriram em meados dos anos 70. O nome comprido, longo demais foi, depois, abreviado para Sex, apropriado para ser o local de nascimento da moda punk rock. A loja estocava camisetas com mensagens agressivas, calças gênero uniforme de prisoneiros, kilts.
       A ligitimidade dos punks também é fornecida por múltiplos  piercings e muitos metais - em correntes, pregos grandes e fortes e também em cravos e tachas. Finalmente, os punks têm uma forte influência na moda, levando o estilo ao couro preto e divulgando a estampa de leopardo nos sapatos baixos nas vitrines do Bloomingdale, inspirando os estilistas Jean Paul Gaultier e Veronique Leroy.

      ESTILISTAS NORTE-AMERICANOS DESAFIAM A
       SUPREMACIA FRANCESA

       Paris dá as cartas, determina o estilo dos anos 70. E o "trono" pertence a Yves Saint-Laurent que reina a maior parte do tempo. Muitos o rotulam como o "maior estilista do mundo, o Chanel dos tempos modernos". Saint-Laurent cria as roupas que cabem ou que traduzem o momento: o estilo diurno, por exemplo, com uma modelagem que tem a mesma qualidade de uma boa modelagem masculina, e que coincide com a ascensão da mulher norte-americana no mercado de trabalho. Mas ele também cria coleções com muita fantasia, incluindo a coleção baseada no balé russo, lançada em 1976, e a coleção chinesa, que foi apresentada um ano depois, ou seja, em 1977. E a Saint-Laurent é atribuido o mérito de ter popularizado o visual cigano e o visual camponês.
       Mas os estilistas norte-americanos e os italianos começam a desafiar a supremacia de Paris. Alguns editores europeus e varejistas vão à Nova York e começam a observar um sportwear simples, clean,criado pelos estilistas Anne Klein, Perry Ellis e Ralph Lauren.
       Bill Blass, Oscar de la Renta, Adolfo e Geoffrey Beene vestem as senhoras da sociedade que almoçam no Mortimer's. E Diane Von Furstenberg ganha a capa da revista Newsweek ao lançar o vestido que envolve o corpo. Halston é talvez o estilista que mais frequenta o Studio 54, onde é sempre visto. E seus famosos clientes são loucos pelo seu estilo. 

                          O COMPRIMENTO MIDI

       As bainhas desceram em 1970 nas coleções de Paris e revolucionaram a moda mundial.  Gordon Franklin, presidente da Saks da Fifth Avenue declarou: "A mini está morta!". 
       Mas as bainhas cairam para o meio das pernas, um comprimento controvertido e surgiu a saia midi. Alguns viram a midi como um retrocesso, após o divertido periodo em que a mini reinou. O governador do Estado de Georgia foi mais além e considerou o uso da midi uma ofensa e prometeu expulsar a mulher que aparecesse no senado norte-americano usando uma saia neste comprimento. Nancy Reagan afirmou "não ter interesse pelo assunto midi." E definitivamente este comprimento de saia não agradou às mulheres norte-americanas. Elas preferiam usar os knickers ou as calças "gaucho".

                               A LIBERAÇÃO DAS MULHERES

       A venda de vestidos diminuiu, mesmo as bainhas estando em debate constante. A venda das calças compridas aumentou. A mulher norte-americana entra no mercado de trabalho usando calças compridas. E as calças compridas são amplamente aceitas em ocasiões formais.

                                   JEANS MANIA

       Os consumidores norte-americanos aderem às grifes, ao estilo com marca. Trata-se da era do estilo jeans. Calvin Klein, Gloria Vanderbilt, Pierre Cardin, Bill Blass, Fiorucci, Jordache e Sergio Valente lideram a revolução do denin, ofuscando marcas tradicionais.

       
       
        
       








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