quarta-feira, 27 de julho de 2016

A SINGELA OMISSÃO DOS MODERNISTAS



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           (....) O grande fato cultural brasileiro dos anos 20 do século XX foi a Semana de Arte Moderna de 1922, que ocorreu, em São Paulo, entre os dias 13 e 17 de fevereiro e contou com revolucionários da literatura e da poesia, como Graça Aranha, Ronald de Carvalho, Sergio Milliet, Mário de Andrade e Oswald de Andrade, na pintura e escultura: Anita Malfatti,l Di Cavalcanti, Tarsila de Amaral, Victor Brecheret, na música: Villa-Lobos, Guiomar Novaes e outros.
           A maioria dos participantes da Semana tinha sua filiação ideológica às vanguardas artísticas europeias, como, por exemplo, o futurismo, o dadaismo, o cubismo e o expressionismo. E durante a realização da Semana de Arte Moderna todos os participantes se vestiram à moda européia. Foram modelos do estilista francês Paul Poiret, com seu caimento gênero túnica, que possuía um quê de helênico, que a pintora Tarsila de Amaral traz em sua mala, quando aqui desembarca para participar da Semana de Arte Moderna. Ou seja, discutiu-se na Semana de 1922 a questão da brasilidade em diversas áreas culturais e até na culinária. Mas hora alguma se questionou a nossa maneira de vestir "ditada então pela França" já que os próprios criadores da Semana de Arte Moderna se vestiram, o tempo todo, respeitando os parâmetros estéticos franceses.
           

          No filme "EternamentePagu"(1987) de Norma Bengell, há um fantástico registro da "obediência" dos modernistas ao traje europeu. Afinal, moda não deveria ocupar a "massa cefálica" desses intelectuais, que deveriam, sim, pensar em caminhos possíveis para a nossa cultura brasileira, o que não incluía a questão do vestir, assunto do qual deveriam se ocupar as mulheres na sua ociosidade forçada. Para elas, as agulhas (que eram vistas como instrumentos de passividade), inclusive no tricô e no crochê. Moda, lar-doce-lar, filhos, maridos-senhores: estas deveriam ser as saudáveis preocupações da mulher da época. Daí a moda ter ficado, no Brasil, sempre vista e encarada como um assunto menor, de pouquíssima importância. Engavetada. O conservadorismo dominante obrigava as mulheres da época a saber escrever (mais importante ainda do que falar, para o sexo feminino, na época) o idioma francês, além de bordar e tocar piano. Clotilde, minha avó materna, mais conhecida como Sinhá, só lia em francês, língua que dominava e falava sem sotaque, e era uma excelente pianista.
           Vovó Sinhá nunca se referia à sua própria mãe, uma européia chamada apenas Maria das Neves que, literalmente, foi "marginalizada" pelas senhoras e senhoritas das boas famílias paraibanas, por ter tido a coragem de viver maritalmente, e ainda ter três filhos de um padre português. Bem, isso ocorreu no século XVIII e até hoje a minha mãe e as minhas duas tias (Maria Neisse e Hellen) mal falam no nome da avó, que lhes deixou um "legado" que marcou a infância delas, já no século XX: o serem apontadas , nas ruas, como "netas do padre fulano". Um sacrilégio. 
https://www.youtube.com/watch?v=MFylqrCYB_U  https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&
          
http://s02.video.glbimg.com/x240/2876829.jpg
           Acima, coloquei mais um texto da minha monografia cujo título é "Jornalismo de moda, jornalismo feminino e a obra de Alceu Penna", que apresentei em 2002 na UFRJ. Minha orientadora foi a professora Raquel Paiva. Escolhi esse trecho porque dando um pulo na história, dá para constatar que o Brasil entrou no século XX usando "roupas estrangeiras", mais precisamente, francesas. Pois é: o complexo de vira-lata no vestir continuava sendo grande, muito grande. Melhor dizendo,era imenso!!!
           E aqui deixo o meu carinho, a minha saudade da minha mãe Aglaé e da minha tia Hellen, ambas falecidas em abril de 2011. O avô que para alguns era padre, para outros era bispo, existiu de fato e foi algo marcante na vida das três irmãs, porque já no século XX isto era motivo de discriminação. Imagina o que passou a bisa Maria das Neves, que foi literalmente marginalizada pela sociedade da época. 
           Pena que poucos dados, poucas informações consegui sobre ela. Uma pena.Mas continuarei garimpado. Quem sabe não consigo mais informações sobre a minha bisavó materna?
E minhas homenagens à Pagu e à Norma Bengell: duas mulheres contestadoras, duas artistas imortais, ambas morreram pobres, muito pobres. Por que será?

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https://www.google.com.br/search?q=tarsila+do+amaral+para+colorir&espv=2&biw=1024&bih=584&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ved=0ahUKEwiuh92Y-JTOAhWGiJAKHd0qD9UQsAQIGw

http://www.dw.com/pt/abaporu-volta-ao-brasil-ap%C3%B3s-mais-de-duas-d%C3%A9cadas/a-19447207


http://www.revistaforum.com.br/2016/05/19/andrea-beltrao-fora-temer-nos-mulheres-nao-somos-do-lar-somos-da-vida/ - Mulheres brasileiras em 2016, na luta pela democracia, na luta pelo respeito ao voto democrático. Amém!


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