domingo, 17 de julho de 2016

APROXIME-SE DO FATO, ATRAVÉS DAS FOTOS




"Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português."

         Coube aos nossos colonizadores "vestir"os indígenas, de acordo com o poema de Oswald de Andrade (postado, acima). Com a roupa veio a radiografia de  comportamento. 
     

        De acordo com a jornalista e escritora espanhola Margarita Rivière,"através do vestir podemos "saber" algumas  características dos indivíduos. Podemos, por exemplo, supor o seu nível cultural, seus gostos, seu tipo de vida e, sobretudo, seu nível de poder.O traje, portanto, é, historicamente, um veículo de informação; é um elemento indiscretíssimo. 
       No Brasil, a nudez dos índios, que aqui habitavam quando os portugueses nos  transformaram em colonia, foi substituída pelos trajes europeus, vindos através dos primeiros habitantes oriundos de Portugal:  degredados e "vagabundos" que o reino de Portugal para cá enviou.
         Vale destacar que, no vestir, sempre existiu, no Brasil, duas classes sociais, fortemente diferenciadas: a classe dominante, detentora do trabalho escravo, que só vestia o que vinha de fora, o que era importado e a classe dominada (escravos) que era quem trabalhava, e que vestia o que era precariamente produzido no Brasil. Com o fim da escravidão em 1888 configurou-se uma camada social intermediária, formada por homens e mulheres livres.  
       A invenção de cobrir o corpo acabou com grande parte da liberdade inicial, plenamente usufruída pelos nossos índios. No Brasil, pós descobrimento, a "classe dominante" usou e abusou de tecidos, cortes, modelagens e comportamentos que nada tinham a ver com nosso clima, com nossos corpos. E ter acesso a determinadas modas e posteriormente a determinadas grifes foi (e ainda é) visto/lido como ter acesso à plenitude da vida.
             O ideal é todos falarem a mesma linguagem corporal? Corpos nus, corpos desnudos sempre foram atacados pelas religiões. A nudez foi e ainda é considerada um atentado ao pudor. A nudez não é vista como resistência à homogenização. Corpos nus não correspondem, culturalmente, a objetos de arte. O corpo feminino é próprio? Ou quando circula com shortinho e com biquíni fio dental é objeto de desejos públicos e notórios?
        Em sua biografia, a imortal estilista Elsa Schiaparelli, destaca a história do príncipe triste para quem foi dito que para alcançar a felicidade deveria usar a camisa de um homem feliz. Ele, o príncipe viajou muito até encontrar, no campo, um trabalhador que lhe pareceu ser muito feliz. O príncipe lhe disse: "meu reino pela sua camisa". E o trabalhador disse ao príncipe: "eu nunca tive uma camisa." 
         Outra história contada por Elsa Schiaparelli, envolve dois homens que tomavam banho nús em uma praia. Eles conversaram, trocaram idéias, se deram muito bem, confraternizaram. Após  tomarem sol, foram se vestir, cada um atrás de uma diferente grande pedra. Ao saírem, um estava vestido como um *dandy e o outro, feito um mendigo, com trapos. Um olhou para o outro e sem dizer uma palavra, tomaram caminhos diferentes. Um nada tinha mais para dizer ao outro. 

   


     
        

Ideia é inédita no carnaval carioca





 Nas imagens acima: um cartão postal que continua sendo vendido nos principais jornaleiros de Copacabana, um dos bairros da zona sul do Rio de Janeiro, apresentando quatro brasileiras com biquínis fios dentais e longos cabelos; uma reportagem com foto mostrando como os cariocas (adultos e crianças) se vestiam literalmente, da cabeça aos pés para ir à praia em 1911, fonte revista O globo, edição de dezembro, 2010;  ilustração do livro "Iracema" de José de Alencar, edição especial da Imprensa Universitária do Ceará;   foto das baianas topless, com seios à mostra, como vão desfilar em 2017,  as baianas da escola de samba Beija Flor, cujo enredo vai homenagear a heroína Iracema, de José de Alencar. As 80 baianas da Beija Flor vão representar as mães indígenas. Fonte: Jornal Extra. Ontem, dia 21 de julho, a coluna do Ancelmo Gois, no jornal O Globo, publicou uma nota, com o título "Pudor no Samba" onde é dito que o "chefão da Beija-Flor abateu a idéia de as baianas desfilarem com os seios à mostra." Vale o registro.
Complementos: livros da escritora Margarita Rivière, Editorial Gustavo Gili, Barcelona.

Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/carnaval/baianas-da-beija-flor-vao-desfilar-com-os-seios-mostra-no-proximo-carnaval-19688548.html#ixzz4EiVZttoC


 * Dandy - o dandismo foi mais do que moda. Foi uma maneira de ser, lançada por George Byran Brummel (1778-1840)



Abaixo, protesto  com mulheres nuas, nos EUA - jornal O Globo, edição de 18 de julho de 2016. A nudez como arte.

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