segunda-feira, 3 de novembro de 2014

OLHAR, VER, INTERPRETAR




"Se você mostrar um objeto a três pintores e pede que eles o reproduzam, terá três versões da mesma coisa. É o caso do meu filme. Minha liberdade está no fato de que essa é a minha visão do estilista, e ela vem de fatos que me ajudaram a inventar o filme". Palavras de Bertrand  Bonello autor do filme "Saint-Laurent" que estréia no Brasil dia 13.  (jornal O Globo, Segundo Caderno, 02 de novembro)


     A arte de ver é complicada. Há muitas pessoas , muitos seres humanos, com visão perfeita e que nada vêem.
     "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caieiro, heterônimo de Fernando Pessoa. Outra poeta, a mineira Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra. Carlos Drummond de Andrade viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou um poema. A pedra tornou-se uma metáfora".
     
     De acordo com o escritor Rubem Alves (1933-2014) o ato de ver não é uma coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche (1844-1900) sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O poeta (visionário) William Blake (1757-1827) também sabia disso e afirmou: "a árvore que o sábio vê não é a mesma que o tolo vê."

      A primeira função do educador é ensinar a ver. E, segundo Rubem Alves, deveria existir um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem na banalidade do cotidiano.
     Esse educador que ensinaria a ver não existe, oficialmente. E olha que estamos no tecnológico, cibernético e globalizante século XXI - onde aparentemente tudo é possível. Aparentemente, vale destacar ....!!




 Nota: Yves Saint-Laurent (1936-2008), criativo estilista francês que reuniu inovação, técnica e vanguardismo, além de muito trabalho. Um nome que entrou para a história do estilismo mundial. Na sua biografia, escrita por Laurence Benaim, ele afirma: "Minha arma é o olhar que lanço sobre a minha época".

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