segunda-feira, 6 de junho de 2016

PRODUÇÃO DE MODA E JORNALISMO VIA UNIVERSIDADE ABERTA

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: MADE IN BRAZIL





       Ex-votos: cabeças, pernas e mãos, pedaços do corpo humano, reproduzidos em cera ou barro, uma manifestação típica da religiosidade popular são o cenário de uma parte do desfile primavera-verão de uma conhecida etiqueta carioca. O público bate palmas ao reconhecer, nesta interpretação ou neste ritual, símbolos da brasilidade.

      Como na época do Cinema Novo, quando o nordeste era fonte de inspiração, a cultura desta região volta à baila, agora com possível busca da nacionalidade, a ser expressa no vestir e nas representações culturais ligadas à moda.
      Coube à pioneira Zuzu Angel - a primeira criadora de roupas brasileiras a vender sua produção em Nova York - apresentar uma coleção inspirada em Lampião e Maria Bonita (que os norte americanos assimilaram como Bonnie e Clyde brasileiros) na Bergdorf Goodman, famosa loja de departamentos, no final dos anos 60. Tempos depois, mais precisamente no inicio da década de 80, o inesquecível estilista carioca Gregório Faganello voltou à mesma temática - Lampião e Maria Bonita - numa coleção em que dominavam os tecidos crus e os tons cáqui. Em 1992, última década do século XX, deparei novamente com o tema Maria Bonita (por sinal nome daquela que foi uma das mais sofisticadas etiquetas de roupa feminina do Rio de Janeiro) e o cangaço no concurso para descoberta de novos talentos no campo de estilo que as (ex) Indústrias Santista patrocinaram em São Paulo.

                BUSCA DA NACIONALIDADE

        Uma reflexão sobre a busca de nacionalidade no vestir mereceu um capítulo inteiro do livro "Jornalismo e Produção de moda" (editora Nova Fronteira, esgotado). Nesse livro fui buscar, como referência para possíveis discussões sobre o que é nacional, o que é estrangeiro, apoio na crítica literária, por ser, em termos de análise de produção artística, o que tínhamos de mais adiantado no Brasil, Afinal, em nosso país, a questão da cópia ou inspiração em relação aos modelos importados não é exclusiva, em absoluto da grande criação de moda. Há mais de um século discute-se a mesma coisa na literatura, nas artes plásticas, na arquitetura, no cinema e em quantas formas de expressão estética existirem e aparecerem.
     Há poucos meses, ouvi uma professora universitária carioca comentar que a moda brasileira deveria ser mais estudada nas faculdades e que o jornalismo de moda e o jornalismo feminino  deveriam ser cadeiras nas faculdades de Comunicação Social. Segundo a mesma professora, há alunos (as) que questionam a ausência do estudo da moda e do feminino no jornalismo especializado. Mas quanto ao jornalismo de moda, a professora concluiu com uma indagação: " Como levar anúncios velados, num esquema de marketing disfarçado?"
                       
                                              OPINIÃO
      
       Sempre tive fé na moda como uma forma de comunicação. A vontade de compartilhar minhas descobertas profissionais com outras pessoas e o desejo de ver o jornalismo de moda compreendido e aceito, vencendo as imagens convencionais e sumárias que as pessoas fazem dos objetos, das atividades e dos assuntos que não examinam de perto, levou-me a dar aulas. O livro "Jornalismo e Produção de moda" (Nova Fronteira, 1991/2 - esgotado) é um resumo dos cursos que ministrei e tenho ministrado. Nele, faço uma análise histórica, nos planos nacional e internacional, das transformações da moda, e também das linhas editoriais, gêneros de reportagens e textos de moda correntes (até hoje!) na imprensa.
      O valor do editorial de moda está em manter o público atualizado em relação a lançamentos e tendências. Está  em realizar a crítica, buscando critérios estéticos e pragmáticos: estéticos pelo lado criativo e artístico da moda;pragmático porque a roupa é para ser usada no cotidiano e porque há fases em que a consumidora anda de bolsos vazios. Está finalmente, em acompanhar, pelo prisma da moda, a flutuação de comportamento, as mudanças nas correntes sócio-econômicas.

Acima texto que escrevi no final da década de 90, na virada para o século XXI, para a Universidade Aberta que publicou, no jornal O Povo de Fortaleza (Ceará), textos diversos sobre moda e também sobre imprensa feminina para leitores/leitoras interessados e sobretudo para estudantes de moda e também para estudantes e pesquisadores do jornalismo feminino.
     E para provar a atualidade do tema, abaixo ,escaneada, está uma reportagem, publicada no caderno Ela, do jornal O Globo (edição de 04 de junho de 2016), cujo título é "ROUPA FRANCESA COM GINGA BRASILEIRA" .  Assunto: tema Brasil na coleção francesa  Louis Vuitton. O estilista Nicolas Ghesquière "esteve no Brasil em 2015 para fazer seu trabalho de pesquisa. Visitou o Rio , São Paulo, Brasília e Inhotim (MG). A coleção tem forte apelo esportivo-futurista e uma energia street que impressiona. O francês interpretou as curvas de Oscar Niemeyer, que projetou o MAC, em peças com babados." Afirma Nicolas Ghesquière: "Admiro tanto o poder da convicção de Oscar Niemeyer. Sua visão, sua radicalidade, sua utopia mesmo." Além de Oscar Niemeyer, foram referências para o estilista Nicolas, os artistas plásticos brasileiros Hélio Oiticica e Aldemir Martins. Mas Nicolás destaca: "Para mim, a questão principal era como incorporar em minha coleção esses elementos que fazem parte da cultura brasileira, sem esquecer que sou apenas um visitante que traz suas próprias referências culturais parisienses e francesas ao momento."  

Em tempo: a paulista Glória Coelho, uma das mais respeitadas estilistas do Brasil, foi quem primeiro criou, nos anos 80/90, uma coleção em homenagem ao arquiteto Oscar Niemeyer. O tema da Glória Coelho foi o traço de Oscar Niemeyer na construção de Brasilia.
Resta lembrar, a linda e genial música "Querelas do Brasil", de Aldir Blanc, lidamente eternizada por Elis Regina: "O Brazil não conhece o Brasil. O Brasil nunca foi ao Brazil/Tapir, jabuti, liana, alamandra, alialaúde/Piau,ururau, aquí, ataúde ..."https://www.youtube.com/watch?v=bkENNwwCqgM
  
https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=3&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwjdrq_Vo5TNAhUHGj4KHWL1CWYQuAIIKzAC&url=https%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3DbkENNwwCqgM&usg=AFQjCNFo24blOehHguALyG9kviVGPk9nMg&sig2=5Zo2yKlQB_fx7sWhWPNR2w&bvm=bv.123664746,d.cWw



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http://hereandnow.wbur.org/2016/05/25/parsons-syrian-refugees - link para ler sobre uma ex-aluna de uma faculdade de moda brasileira que criou, no exterior, uma coleção em homenagem aos refugiados sírios.  Uma pergunta :Aqui, nas faculdades de moda brasileiras, não há espaço para criações originais,inspiradas em temas atuais? 



https://www.facebook.com/ocantodastorcidas/videos/1786090868286254/


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