segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A CARA DA MODA NACIONAL MUDOU?

      Semana da moda vem, semana da moda vai e (praticamente) nada do que acontece nas ruas  ganha as passarelas nacionais.
Aí vem o estilista alemão Karl  Lagerfeld, diretor criativo da grife Chanel, e faz um desfile-protesto, num tom de brincadeira (mas é muitas vezes brincando que se trata de assuntos sérios)  durante a Semana de Moda em Paris, França.
     

  
      E o estilista declarou: 'É hora de repetir essas mensagens, especialmente na França, onde a atmosfera anda muito hostil, sobretudo com esse partido (de  extrema-direita) a Frente Nacional."
     
     Pois é, aqui há uma (ainda) pequena, porem barulhenta, extrema-direita, fundamentalista ,ou seria outra coisa o partido que abriga o deputado federal  Feliciano - um dos mais votados (sic!) em São Paulo?
     Enquanto uns fingem que nada mudou,há tantas coisas acontecendo: cotas em universidade federais e estaduais, uma nova classe média frequentando muitas vezes os mesmos lugares da classe média tradicional.Essa nova realidade irritou vários segmentos da classe média tradicional,assim como o "mais médicos" irritou o "oligopólio" da nossa medicina. 

     Enfim, houve vários avanços sociais. Mas as nossas passarelas continuam mudas às ruas, como se fossem dois mundos à parte: o estilo das passarelas e o estilo que se vê nas ruas. Poucos criadores retratam da vida como ela é, atualmente.

Em uma entrevista a Cynthia Garcia, na Revista Domingo (do Jornal do Brasil) , o estilista Carlos Miele  afirmou, faz um tempo (tenho nos meus arquivos, suas declarações) que foi muito criticado pela imprensa brasileira ao inserir, no final dos anos 90, a cultura nacional na moda. E afirmou Miéle, na época:
    "A imprensa norte-americana é  mais madura, valoriza a pessoa que cria. Há dez anos, quando fiz um desfile com música brasileira, discutindo as questões do Brasil, com artistas brasileiros na passarela, foi um choque. 
     Em 1998, quando convidei um deficiente físico para desfilar, o modelo Ranimiro Lutufo - que perdera a perna, não trabalhava e já tinha feito campanha até para o Armani - a nossa imprensa viu como afronta. Mas recebi carta elogiosa do presidente da AACD, as clínicas de reabilitação pediram pôsteres e fiz uma campanha de outdoor com o Ranimiro e a Gisele. 
Quando o Alexandre McQueen fez o mesmo, oito meses depois, foi aclamado. Fiquei chateado e fui desfilar fora do Brasil ."
  
   Será que a moda e a estética ainda são vistas como um privilégio? Privilégios de quem? 
   
 Será que a moda carioca está ficando "coxinha", ou seja, conservadora?
     Sei que cada pessoa enxerga o mundo dentro da sua própria perspectiva e escolhe o que deseja ver. Há os corriqueiros interesses pessoais  e há os infelizmente raros interesses coletivos.  Mas continuar enxergando a moda, a estética, como um privilégio para poucos é um erro.   
Buzz and Woody (Toy Story) Meme meme


Nenhum comentário:

Postar um comentário