segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

CARLOTA JOAQUINA: RAINHA MANCA QUE DITOU MODA



     "Carlota era baixa, angulosa, ossuda. Devido a uma queda de cavalo, puxava de uma perna.
     

   Tinha o rosto longo, assimétrico e cavado. Um tanto prognata, herdara os lábios da mãe, finos, para contrapor à beiçola panda do marido. Sobre o lábio superior, manchando-o, leve buço. Dentes maus, podres, em franja de cortina. A pele era avermelhada, seca e com verrugas. Feia, assim, parece que nem a mulher de D.João V.
     Amava além disso, como as ciganas, os vestidos em tons berrantes e espalhafatosos. Nos dias de grande gala, quando surgia, a resplandecer de pedras preciosas, sob um dilúvio de enormes plumas de avestruz, postas à cabeça, aos molhos,  sem o menor sentimento decorativo, era uma arara perfeita. Só não causava risos porque quem ditava a moda na corte do Rio de Janeiro era ela."

Como se pode constatar, pelo texto do historiador Luiz  Edmundo,  uma 'manca', uma mulher deficiente ditou moda, séculos atrás, na corte do Rio de Janeiro. Ditou moda porque tinha poder e dinheiro. Diz um ditado popular: "manda quem pode, obedece quem tem juízo". 

     Em tempo: consta que há no Museu do Prado, em Madri, duas telas representando D. Carlota Joaquina: uma pintada por artista anônimo; outra assinada por Maella. Em ambas, a infanta aparece com formosura, cândida, cheia de graça.  
     De acordo com Luiz Edmundo, "resta saber se elas representam, com integral verdade, o modelo então na adolescência, ou se definem apenas imaginação, lisonja dos pintores."  
     Trocando em miúdos: os pintores pintaram o que imaginaram e não a realidade. Ou seja, formavam o "cordão dos puxa-sacos" e nem de longe queriam desagradar os nobres, a família real, que os sustentavam, ao encomendar quadros.


     
     






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