quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

GREGÓRIO FAGANELLO E A MODA NACIONAL


     Encontrei, nos meus arquivos, estas preciosas páginas que anunciam  o estilo Gregório Faganello para homens e para mulheres.


     Diz Gregório: "Criei meu homem em cima do mar. Sou espírita e o mar para mim é fonte de recolhimento. É uma força muito vibrante em todo o meu ser. Já a minha mulher, criei em cima do Nordeste, do meio e do homem sertanejos. Do cangaço, de Padre Cícero e da arte de mestre Vitalino .... Hoje, o homem é o meu novo horizonte. E a mulher, o meu eterno infinito."

     Mais um pensamento 'gregoriano':  "Meu estilo é minha visão desta década. Como aparecem, na minha cabeça, o homem e a mulher hoje. Me coloco atrás de uma tela e pinto. Sem compromisso com esta ou aquela temática. Há um compromisso, sim, com as formas. Há uma preocupação muito grande com o Brasil."

     Para finalizar, um terceiro pensamento, sobre o ato de criar por    Gregório Faganello: 
     "Toda vez que se fala em exotismo, o mundo oscila entre China, Índia e África. Achei que já era hora de pensar em algo nosso. Diferente de baiana e balangandãs. Procurei temas de nossa cultura. Enquanto todos criam em cima da etnologia africana, fui a Pernambuco, ao Ceará. Parti para a nossa etnologia nordestina do final do século passado, início deste século. Procurei extravasar toda uma empolgação que tenho pelo Brasil no meu trabalho. Elas são temáticas, reproduzem cerâmica do mestre Vitalino, as cenas da literatura de cordel, com as grandes histórias sertanejas, como a do Padre Cícero e de Lampião e Maria Bonita. A terra nordestina tornada craquelê pela seca. As carnaúbas. Os mandacarus ... Na moda, ninguém tinha pensado ainda em trazer algo disto, como influência. Foi gratificante para mim unir a moda à literatura. Estampar versos e figuras da literatura de cordel, bandas de pífaros sobre a seda. Ver a mulher Gregório Faganello vestida de seda com estamparia sertaneja ..."  

Fica aqui o depoimento deste imortal e admirável estilista, um homem culto, um estudioso, um leitor voraz, um curioso, um amante do belo, um amante dos seres humanos, um amante da vida e da estética, que nunca frequentou uma faculdade  de design, mas sabia, como poucos, se expressar através das cores, das padronagens,  na estamparia e na modelagem, no estilo masculino e feminino.

     As fotos escaneadas fazem parte de um grande publicidade dos tecidos Multifabril, Fenit de 1987, que foi publicada em várias revistas femininas, inclusive nas revistas Desfile (Bloch Editores), Claudia e Claudia Moda (Editora Abril).

Créditos: criação de Nettzy Carvajal; produção de Célia Camarero; fotos de Luiz Garrido. Imagens belíssimas e atualíssimas.   

     Um parêntese: na foto de Luiz Garrido,aqui escaneada, o modelo masculino (que lembra o Gregório Faganello ) está fumando. O cigarro foi banido do nosso cotidiano. Fumar atualmente é um ato anti-social (ou antissocial). De acordo com Jaime Lerner,  político, ecologista e ex-prefeito de Curitiba (Paraná)  o carro será o cigarro do século XXI ... E aí como será viver em nossas cidades que até hoje não deram o devido valor ao transporte coletivo urbano? 





9 comentários:

  1. Por acaso encontrei essa matéria sobre o saudoso faganello.Trabalhamos juntos tanto tempo e quase nada dele vejo por aí,foi esquecido.uma pena!

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    1. Jorge obrigada pelo seu comentário. Você trabalhou com o Gregório aonde? Gregório Faganello é um artista imortal. E lutou muito pela moda nacional e pela moda carioca.

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    2. Trabalhei 18 anos na empresa ,inclusive, depois de sua morte.

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  2. Ontem foi aniversário dele. Tenho o privilégio de ser o primogênito dele. Saudades demais dele, mas sempre tenho a certeza dele estar ao meu lado, me protegendo. Infelizmente não herdei o talento dele para a moda, mas como poderia, pois ele sempre foi e sempre será o maior.

    É apenas complementando a você Ruth, o Jorge, meu tio Jorge, trabalho por muito anos com meu pai na própria Gregório Faganello.

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  3. Tive o prazer de conhece-lo em um desfile realizado em Sao Luis do maranhão e na época ele tinha uma assistente chamada Francoise que era francesa e muito simpática. Tive a honra de mostrar a cidade com algumas pessoas da equipe do Gregorio. Quando fui morar no Rio pois o meu apartamento era perto da loja dele que fica com esquina na Rua Maria Quiteria e para minha surpresa eles estava na loja e foi super gentil como sempre ele era. Ele tinha roupas masculinas que eram impecáveis.

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  4. Jorge é edson irmão da Marisa queremos falar com você mande mensagem no email ou telefone

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  5. Lembrei do Gregorio e fui buscar algo encontrei vcs. Meu primeiro emprego ao chegar no Rio vindo de Salvador. Pessoa inesquecível!

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  6. eu adoraria conhecer mais e escrever sobre as criações do
    Gregório Faganello

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