terça-feira, 17 de março de 2015

MODA ESTADUNIDENSE - 1910 - 1919


 
     A segunda década do século XX é caracterizada por batalhas e progressos. A Primeira Grande Guerra é chamada de "a guerra que acabará ou dará fim a todas as guerras".
     As sufragistas lutam e conquistam, em alguns estados, o direito ao voto feminino em 1919. E os sindicatos norte-americanos mantêm  suas reivindicações a fim de desenvolver leis trabalhistas que protejam inclusive os trabalhadores imigrantes.
     Em 1917, EUA entra no conflito da Primeira Grande Guerra que, nesta época, já aniquila, há três anos, o solo europeu. Os soldados da infantaria do exército (conhecidos como doughboys) vão lutar na França. O conflito leva mulheres ao campo de batalha. E elas entram na guerra ocupando as seguintes funções: motorista de ambulância, enfermeiras e mecânicas de carro.
     No solo norte-americano, mulheres estão trabalhando nas linhas de montagem das fábricas ou como motoristas de carro, ascensoristas ou operadoras de telégrafos. Para elas, as roupas funcionais, que garantem a liberdade de movimentos tornam-se uma norma, uma necessidade.
     Em 1913, a sociedade norte-americana assume a juventude como o ideal de beleza "Este é um dos períodos mais revolucionários da moda", afirma Anne Holander, autora de "Sex and suits: the evolution of modern dress".   "A juventude e a liberdade eram novos ideias, os novos standards. E o novo ideal é sinônimo de movimento e de velocidade. A primeira edição do Women's Wear Daily - WWW - surge nas bancas no dia 13 de julho de 1910. A manchete de uma das reportagens é: "Fala-se sobre uma paixão pela cor preta em Paris."

                                  NOVOS ÍCONES

      No início foi a Gibson Girl que definiu a jovem mulher norte-americana, personificada ou traduzida em Alice, a filha do presidente Roosevelt. Mas o desabrochar da indústria do cinema mudo em Hollywood trouxe novos símbolos de beleza feminina: Theda Bera (a primeira 'vamp') e Mary Pickford (a namoradinha norte-americana). Em 1912, cinco milhões de norte-americanos iam, diariamente, ao cinema. As estrelas do cinema, contudo, iriam conquistar maior importância nos anos 20.

                 O DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA

        Em 1915, o comércio de roupa ocupa o terceiro lugar nos EUA. Só perdem para a indústria do aço e do óleo. O comércio do algodão e da lã cresce na Nova Inglaterra e passa a ocupar o sul e a Pensilvânia, junto com as fábricas de seda.
       Na época da Primeira Grande Guerra, a indústria do vestuário fatura, anualmente, mais de US$ 1 bilhão. No final da guerra, há mais de 15 estabelecimentos que fabricam, só em Nova York, roupas para mulheres.
       O lado negativo corresponde aos abusos, à exploração de mão-de-obra, sobretudo dos imigrantes por parte dos fabricantes. No incêndio de 1911, ocorrido no Triangle Shirtwaist  resultou na morte de 146 trabalhadoras o que provocou um dos maiores protestos públicos e deu impulso ao início de um movimento que garantisse novas leis para proteger os empregados do setor. A fábrica em questão - uma das maiores produtoras - estava com a maioria das suas portas fechadas, além de apresentar escadas de incêndio inadequadas. A única 'rota de saída' eram as janelas ...!!

                             O IMPACTO DA GUERRA

        A Primeira Grande Guerra influênciou fortemente a vida e o estilo de vestir das mulheres. A guerra afinal levou mulheres (ricas e pobres) a se empregarem em funções antes exercidas apenas pelos homens.
        No início da década 7,5 milhões de mulheres trabalhavam nos EUA; Em 1920, o número era superior a 8.5 milhões. As voluntárias exerciam a função de enfermeiras, enquanto as trabalhadoras estavam nas fábricas.
        A moda também gerou, conforme destaca Valerie Steele "um movimento de cultura jovem. Os jovens ficaram profundamente decepcionados com o que ocorreu com seus contemporâneos que sacrificaram suas vidas nos campos de batalha. E eles sentiram que não podiam mais confiar nas pessoas maduras", afirmou Valerie.
        Vale destacar que durante a Primeira Grande Guerra, a maioria das mulheres norte-americanas deixaram de usar suas jóias e elegeram o "pequeno vestido preto" como o vestido da moda.

                      A TRANSFORMAÇÃO DA MODA

           Em 17 de novembro de 1913 lia-se num artigo sobre moda, publicado no WWD o seguinte: "Nas corridas de cavalo ocorridas ontem, a tendência da moda era o veludo, que está ,agora, mais forte do que na temporada anterior. E as cores mais populares (durante as corridas) forma as várias tonalidades de vermelho, o verde e o marrom. As peles andam em voga tanto para casacos quanto para serem usadas em vestidos. Foram vistos muitos casacos de pele, todos em comprimentos mais curtos. Sete visitantes trajavam vestidos feitos em broadstail. O chapéu de tamanho médio continua na moda. E o ornamento mais popular continua sendo a pena de avestruz."
        Em 1913 há uma mudança de silhueta: as saias ficam mais estreitas, algumas vezes com um corte afilado ou na forma de um funil. No ano seguinte, ou seja em 1914, Lady Duff Gordon que trabalhava como estilista utilizando o pseudônimo de Lucile, criou uma coleção de roupas femininas inspiradas em Irene Castle e caracterizada pelas suas formas esbeltas, delgadas. Um parêntese: Irene e seu marido, Vernon Castle, formavam o casal da moda. Foram eles os responsáveis pela popularização do maxixe. E ela, Irene, difundiu, nos EUA, a moda do cabelo curto.

                          A NOVA LIBERDADE DA MODA

          A decadência do espartilho se inicia no fim da primeira década do século XX. Paira no ar um sentimento de progresso. O movimento das sufragistas se estruturou e passou a ganhar ainda mais terreno e lançou o movimento pelo controle da natalidade, que foi liderado por Margaret Sanger. O primeiro diafragma é lançado em 1913. E a senhora Sanger abre a primeira clínica de controle da natalidade em 1916.
         Em 1911, o estilista francês Paul Poiret traz o toque oriental para a moda. Com bordados que parecem jóias, silhuetas drapeadas e turbantes, Poiret domina a moda nas duas primeiras décadas com a sua silhueta exótica.

        O ACESSÓRIO DO MOMENTO: é o relógio de pulso feminino que 'debutam' nos primeiros anos de 1900 e vêem substituir os relógios de bolso e os relógios-broches ou 'berloques'.

                               O DOMÍNIO JOVEM

       O tango é uma das danças que conquistam a preferência do jovem, que vem a ser o novo ideal de beleza.
       O crescente interesse feminino pelos esportes (exemplo, o tênis e esqui) faz com que o jovem prevaleça como o novo ideal estético. E a moda se torna, cada vez mais, prática, com a crescente popularidade da suéter e da saia. Nasce então o sportwear.
        Com a proliferação dos automóveis (ou "dos carros sem cavalos") as mulheres passam a usar imensos e largos casacos esportivos por cima dos vestidos. São os 'guarda-pós'. Os chapéus têm véus (uma forma de proteger o rosto contra o pó) que são amarrados abaixo do queixo. E elas também passaram a usar sapatos altos, abotinados, sempre abotoados.
      






   Em tempo: Eu já estudei nos Estados Unidos, morei, enquanto estudava, no estado de Michigan. Não sou anti norte-americana.Utilizo , no título a palavra estadunidense, apenas para lembrar que nós também somos americanos, do sul. Nada mais.
Ao lado, uma nota publicada na coluna "Gente Boa" (jornal Globo edição de 14/03/2015) onde é dito que "a revoada de brasileiros que vêm falando em deixar o Brasil fez Rony Meisler, da Reserva, lançar esta camiseta com os dizeres "Miami é o KCT". Rony diz que não tem nada contra a cidade americana, muito pelo contrário.(...)"

  Postei fotos de  Mary Pickford e Theda Bara, simbolos de beleza feminina, nesta época.

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