segunda-feira, 9 de março de 2015

ONTEM, DERNIER CRI; HOJE, BIKE VIRA HYPE





     No principio, o Brasil-colônia aprendeu, através dos portugueses que nos "descobriram" a cultuar a estética francesa, a moda vinda da França. 
      Quando a familia real portuguesa aqui chegou, em 1808 fugindo de Napoleão e das guerras napoleônicas, todos se vestiam à moda francesa. E assim caminhou o nosso senso estético, sempre se expressando em francês, a lingua estética, a lingua do refinamento, a lingua da cultura no Brasil, que os professores e intelectuais aprendiam e muitos inclusive ensinavam. 
     

     Lembro-me que a minha avó Marieta e minha tia Sara  se correspondiam em francês; lembro-me também da minha avó Clotilde, que era professora, foi diretora de escolas de ensino fundamental e médio, e falava fluentemente  o francês e o português ... E hoje recebi de uma amiga uma foto (aqui escaneada) que retrata as portas de um armário em sua cozinha, pintado, tempos idos, com palavras gastronômicas em francês, por sua mãe, Regina de Melo Franco, que era professora de francês.
          França, a terra de Baudelaire, a terra de Flaubert, da Nouvelle Vague,de Rimbaud, Proust, Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre, de Camus e de muitos outros nomes clássicos teve uma imensa importância cultural no Brasil. E aqui incluo estilistas consagrados como Louis Leroy e sua linha império, Paul Poiret, Chanel, Christian Dior e o seu new look, Yves Saint Laurent e muitos outros. Pois o peso da balança cultural francesa foi imenso entre nós.
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      Desde a segunda metade do século XX a cultura norte-americana passou a espelhar um ideal, um sonho a ser atingido ou adquirido pelo público-leitor, público-consumidor e pelo público-espectador brasileiro: todos adoram o cinema norte-americano. Na lista dos best-sellers sempre há mais de um livro de escritor norte-americano. 
     Em um artigo publicado no jornal O Globo (edição de 22/02/2015), o jornalista Jason Tércio, que está preparando uma biografia de Mario de Andrade, escreveu  ("incorporando" o autor de Macunaíma) o seguinte: "(....). Escrevi brasileiramente porque o nosso português doce e sensual, um pouco lento e todo florido de vogais abundantíssimas é um dos mais sonoros idiomas do mundo. Lamentável que até hoje não tenha personalidade definida. Na minha época os jornais escreviam assim: 'O dernier cri da moda parisiense.' Hoje bike vira hype entre os paulistanos. (...) Os nomes dos prédios são Gardens Living Club, The Parliament Towers não sei o quê. Isso mostra que a consciência nacional não evoluiu muito nesses 70 anos. Continua na fase do mimetismo. Se eu estivesse vivo, colocaria a seguinte placa na porta do Brasil: 'Nesse país temos o orgulho de falar português. Sempre me contentei em ser apenas brasileiro, sem nacionalismo nem paulistanismo. Na verdade fui um homem do mundo, mesmo tendo viajado só dentro do Brasil, à minha custa, no prazer ardente de conhecê-lo."
            As referências francesas no nosso dia-a-dia se iniciaram no Brasil Colônia e chegaram a dominar metade do século XX. A seguir veio a forte influência norte-americana. 
      E nós, o que conhecemos da história da moda estadunidense?  Vou começar a postar, daqui  a dois dias,um resumo da história da moda norte-americana/estadunidense  utilizando textos e pesquisas que fiz para o jornalista Roberto Barreira, que na época dirigia uma cooperativa  que reunia o que havia sobrevivido da revista Desfile, após a falência da  Editora Bloch ,seu último ato de amor à publicação e à editora onde trabalhou toda a sua vida. Até lá.
             














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