quinta-feira, 26 de março de 2015

MODA ESTADUNIDENSE 1930-1939











      A festa acabou. Após a queda (crash) da bolsa de Nova York, ocorrida em 1929, os EUA e o mundo sofrem de depressão econômica, o desemprego que dramaticamente vai alterar a estrutura social. Os anos 20, também conhecidos como a década da negligência, quebra com a economia mundial. 
      Nos EUA uma minoria de muito ricos conservam suas fortunas. A maioria das pessoas fica mais pobre com a depressão, que leva milhares de pessoas, ou seja, 1/4 da força produtiva, ao desemprego e encaminha as massas para as filas de pão.
     

      Em 1923, uma nação em desespero e que necessita urgentemente de um herói, elege Franklin D. Roosevelt o 32* Presidente norte-americano. Roosevelt dá a uma nação amendontrada, o New Deal, que consiste num plano de governo pra o restabelecimento econômico e segurança social. E ele consegue, nos seus 100 primeiros dias de presidência, que o Congresso aprovasse mais de 12 leis que 'colocaram' as pessoas de volta ao trabalho. Logo depois Roosevelt dava uma esperança, um alento, à nação e uma indústria de diversão, em fase de crescimento, oferecia uma válvura de escape: o cinema tornou-se uma diversão catártica, 'purificadora', assim como também era uma grande inspiradora de moda. As mulheres, as espectadoras, seguiam estilos lançados nas telas por estrelas como Marlene Dietrich, Greta Garbo e Katherine Hepburn.
      Enquanto a depressão atingia os EUA, esvaziando as carteiras de dinheiro, para muitas pessoas manter a aparência tornou-se motivo de orgulho. E as mulheres norte-americanas continuavam a seguir as novidades que vinham de Paris, incluindo os lançamentos feitos por Elsa Schiaparelli.
     Os EUA tinham como principal objetivo a recuperação da sua economia. A Europa, por sua vez, tinha nítidas preocupações na área política-social. E a extrema-direita ganha muita força política : Hitler conquista o poder; o fascismo domina a Itália. Em setembro de 1939 a tensão explode quando Hitler invade a Polônia.
     
      BONNIE & CLYDE:  A dupla criminosa que atrai a atenção dos jornais norte-americanos. A homicida Clyde Barrow e o seu namorado (para muitos, fascinante) Bonnie Parker. Eles formam, provavelmente, o primeiro casal criminoso chique/estiloso. Nas fotografias dos cartazes de "procura-se" Bonnie posava com camisa e suéter combinando e,usando, na cabeça, uma boina.

      VISUAL NOTURNO: Publicamente há formas sexies, há costas nuas ou, melhor dizendo, surgem novas zonas erógenas junto com os vestidos que deixam as costas nuas. Jean Harlow representa a nova mulher sedutora.

         DO CINEMA PARA A LOJA DE DEPARTAMENTO

        Os jornais e o rádio prendem a atenção de todo o público de domingo a sexta-feira. Já o sábado é dia de ir ao cinema. Com ingresso barato (custava apenas US$ 25 cents), cerca de 85 milhões de norte-americanos vão ao cinema toda semana. E o estilo de atrizes consagradas como, por exemplo, Jean Crawford, Claudette Colbert e Marlene Dietrich exercia grande influência entre as consumidoras de moda.
      Claudette Colbert é a primeira estrela a ter as medidas do seu corpo reproduzidas em um manequim de uma loja de departamento. 
      Figurinistas de Hollywood - Adrian, Travis Banton e Edith Head - tomam como referência para seus trabalhos os estilistas franceses, mais precisamente Chanel, Vionnet e Schiaparelli, a fim de criarem estilos ou guarda-roupas originais para os filmes. E muitos destes figurinos são amplamente copiados e vendidos - a preços diversos - em lojas de departamento.
      Em 1932, Adrian cria um vestido em chiffon branco com mangas detalhadas por babados superpostos que Joan Crawford vestiu no filme "Letty Lynton". O filme não foi um grande sucesso. Mas o Macy's vendeu 500.000 mil cópias deste vestido.

                                   EXTRA, EXTRAORDINÁRIO

      Em tempo de recessão econômica, em tempos difíceis, pequenos extras significam muito. As mulheres gostam muito de acessórios - leia-se luvas, corpetes florais, pequenos (e modelados) chapéus, clips de diamantes, bolsa com alça curta, anéis com pedras, braceletes, gargantilhas, elaborados colares de pérolas e, para os momentos de flirt, a magia e a malicia dos leques de penas.
       Os estilistas começam a dar mais atenção às formas dos sapatos no processo de fabricação. Os sapatos têm saltos grossos e o novo visual inclui sandálias de plataforma que traduzirá a austeridade dos anos 40, época em que se transforma num clássico.

                                     MOÇAS E RAPAZES

      À medida que os anos 30 avançam, o espírito de menino ou o visual de menino, leia-se a androgenia dos anos 20, cede espaço para um estilo feminino. 
     As bainhas descem para até o meio das pernas e a cintura volta ao seu lugar de origem. Os vestidos com um corte fluído, valorizado por uma saia godê que dá um amplo movimento, tornam-se popular. 
      O corte linear ainda exige um corpo magro. As curvas sutis/discretas deixam de ser um tabu. E é dada cada vez mais atenção à arte da costura, especialmente à jaqueta com ombros largos, lançada por Elsa Schiaparelli em 1933. A nova e moderna silhueta, lançada pela famosa  estilista radicada em Paris é um sucesso, pois minimiza a cintura e cria um ar de austeridade. E a "severidade" da jaqueta é contrabalançada pela presença de saias e vestidos leves.
      Mas nem todo mundo se limita a usar um só estilo. Daí que é nos anos 30 que a tal maneira andrógina de vestir torna-se pública. E mesmo o visual garçonne mantem uma certa docilidade. E a silhueta é sem formas, porém delicada.
      Roubos ditos públicos do guarda-roupa masculino: as mulheres publicamente se apropriam de peças do guarda-roupa dos homens. Os ternos de Marlene Dietrich vão, posteriormente, conquistar o mundo.

                                       NA EUROPA

      Novos estilistas emergem na Europa. Em Londres, a fama repentina de Norman Hartnell é uma consequência de suas ligações com a familia real. Em 1936 ele causou frenesi quando criou um guarda-roupa todo branco para a rainha Elizabeth usar na sua viagem à Paris.
      Balenciaga começa a sua própria ascenção ao alcançar uma 'sobriedade extravagante'. Talvez a estilista mais querida tenha sido Elsa Schiaparelli, a sacerdotisa da avant-garde. As inovações de Schiaparelli tiveram um enorme impacto: ela foi uma das primeiras estilistas a desenvolver um corte liso, gerando novas linhas que iriam perdurar no 'negócio da moda'. Histórico foi quando ela alargou os ombros das jaquetas, utilizando enchimentos. Mas Schiaparelli também apresentava um lado artístico, introduzindo temas étnicos e desenhos com motivos cubistas e surrealistas em , por exemplo, suéteres de jacquard.
   
                                       ESTILOS EM VOGA
      Como as  mulheres levavam vidas mais intensas e diversificadas, os estilistas passam a oferecer amplas opções de estilos da moda. Mulheres que têm uma carreira, uma vida profissional, podem escolher entre o visual feito sob medida ou as suéteres com saias que também traduziam o chique-casual. Para as mais esportivas, calças e shorts passam a ganhar aceitação.

                                      EM SOCIEDADE
      
      As páginas das colunas sociais estão cheias de ti-ti-ti ou disse-que-me-disse a respeito da vida e dos amores da poderosa herdeira Barbara Hutton, apelidada de 'pobre menina rica' em função do seu extravagante guarda-roupa e de suas 'pilhas' de jóias Cartier. Segundo as más línguas da época, "ela mantinha ocupados os artesões das principais joalherias de Nova York, Londres e Paris". Hutton ficou conhecida por ter adotado alguns dos estilos de moda mais extravagantes do período. Exemplos: batom laranja, sombra verde para os olhos e unhas pintadas de preto.

      A vida das debutantes do Café Society de Nova York é copiada, assim como as suas modas de impacto. A debutante da década é Brenda Frazier, que declarou que "não fazia nada, exceto almoçar no Colony Restaurant e dançar noite à dentro no El Morocco ou no  Rainbow Room Clad usando um vestido com decote tomara-que caia - o que acabou se tornando um modismo - e batom rubro-escarlate.

                          ACESSÓRIOS DO MOMENTO

      Coco Chanel não foi a primeira a fazer a "falsa jóia". Mas foi ela quem fez a "falsa jóia" ou a bijuteria ser aceita entre aquelas que só usavam a autêntica jóia e, geralmente, uma peça de cada vez.
      Mas o lema de Coco era: "empilhe-as, amontoe-as; use colares de pérolas misturados com as correntes". Ela, Chanel, também usava a cruz de Malta e braceletes ou pulseiras, ou, então, mangas com punhos bordados com falsas pedras, falsas pérolas.


      








Joan Crawford - 1936 - Hurrell.JPG








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