sábado, 21 de novembro de 2015

DESIGUALDADES SOCIAIS EXPRESSAS NO VESTIR




Resultado de imagem para imagens de escravos brasileiros Debret


Resultado de imagem para imagens de escravos brasileiros Debret
  Erro de português

Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português


     




     O poema "Erro de português" de Oswald de Andrade (1890-1954) diz com rima, o que historicamente aconteceu, quando os portugueses descobriram o Brasil em 1500: vestiram os índios. Logo a seguir há um longo silêncio sobre a cultura do vestir na colonia portuguesa chamada Brasil. 
   
 

     Em 5 de janeiro de 1785, D. Maria I (1734-1816) assinou, em  Portugal, um alvará que proibia a existência de todas as tecelagens e manufaturas de ouro, prata,seda, lã, entre outros produtos, a fim de defender "os interesses tanto de estrangeiros com quem a coroa portuguesa mantinha relações quanto de comerciantes portugueses instalados em Portugal e no Brasil." 
     
     Trocando em miúdos o Brasil colônia ficou proibido de produzir tecidos, assim como outros produtos, inclusive sapatos. Por ordem da coroa portuguesa tudo que a burguesia e a nobreza vestiam no Brasil tinha que vir da Europa. E assim continuo sendo, mesmo depois da família real portuguesa vir morar no Brasil (em 1808) e o alvará da D. Maria I ter sido revogado pelo seu filho, D.João VI. 
     
     O Brasil, no século XIX  tinha muitos escravos, vindos da África. Assim como já tinha escravos nascidos no Brasil.
     Para eles, escravos, um vestir inteiramente diferente do vestir da burguesia e nobreza.  Escravos eram "coisas". E os anúncios, (classificados) de compra e venda de escravos no século XIX publicados em jornais brasileiros são um bom exemplo desta "coisificação"de seres humanos: 
    "Vende-se para o mato, uma preta da costa de idade de quarenta e tantos anos, muito sadia e bastante robusta, sabe bem lavar e cozinhar o diário de uma casa. Vende-se em conta por haver precisão,no beco do largo n.2."

     "Vende-se uma escrava muito moça, bonita figura, sabe cozinhar e engomar e é uma perfeita costureira, própria para qualquer modista: na botica de Joaquim Ignácio Ribeiro Junior, na praça da Boa-vista."

      "Vende-se um bom escravo de meia idade por comodo preço: na rua da Praia n.47 - primeiro andar."

       Para os escravos, um vestir com chitas, com algodões - tecidos aliás adequados ao nosso clima tropical - mas tidos como "tecidos inferiores". Vale destacar que havia a publicação de anúncio-classificado/comunicando a fuga de um escravo. E no texto do anuncio era comum ser descrita a roupa que o escravo vestia. Ou seja, a roupa do escravo o identificava como tal. 
     Pois a burguesia e a nobreza só vestiam tecidos pesados, no estilo em moda na Europa, nada adequado para um pais tropical. 

     Essa desigualdade no vestir marcou a história da nossa indumentária, da nossa moda. Havia um vestir para classe média (media e alta) e um vestir para os "demais". 

     

 Fonte: pinturas de Jean-Baptiste Debret (1768-1848), notas (escaneadas) editadas na coluna de Ancelmo Góis, jornal O Globo, edição de 21 de novembro de 2015. Escaneados também foram os selos nacionais que atualmente homenageiam alguns oficios, inclusive o de costureira. Livro para consulta: "História da moda" de Marco Sabino, editora Campus, 2011) e "O escravo nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX, de Gilberto Freyre.Nacional, São Paulo,1979)

 São recentes as histórias das mulheres negras que estão conquistando espaço nos negócios. Um exemplo é a Zica Assis, sócia-proprietária do Beleza Natural). "A negra Zica conta que "pixaim", "cabelo ruim" e de "arame" foram alguns dos apelidos ofensivos" que colecionou na infância. Há também mulheres-cantoras, mulheres-atrizes que festejam a negritude e não mais alisam seus cabelos.

























https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1023063304412365&set=a.779424978776200.1073741827.100001261146751&type=3


http://www.geledes.org.br/heroinas-negras-20-de-novembro/

Nenhum comentário:

Postar um comentário