sexta-feira, 1 de agosto de 2014

O QUE É INTUIÇÃO II




     Mas quem deseja fazer arte, criar, se comunicar com seus semelhantes através da forma, não pode ser pragmático e muito menos ocupar a cabeça com preconceitos.
   
     Uma professora de história da moda no Brasil, curso ministrado numa escola de moda no Rio de Janeiro, pediu  aos seus alunos, uma proposta de estilo de uma moda na nacional baseada na influência da arte africana e na Umbanda e no Candomblé, religiões trazidas para o Brasil pelos escravos. Uma aluna trouxe dois desenhos razoáveis e viáveis. Até aí, tudo bem. Mas no texto explicativo, que deveria acompanhar o trabalho, ela afirmou: "Destaco que estas religiões são praticadas só pelos pobres (...)"
     Posteriormente , a professora perguntou à aluna "de onde havia tirado esse preconceito, que lhe soou como um aviso de segregação racial. Será que ela ignorava os inúmeros artistas, estudiosos e políticos nacionais adeptos dessas religiões?" E citou alguns dos mais conhecidos: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jorge Amado, Zélia Gatai, Carlinhos Brown, Carybé, Gal Costa. E a aluna refletiu ... E aprendeu uma lição importante: um estilista que deseja criar, que deseja fazer arte - leia-se que deseja interpretar novos caminhos da forma - jamais deve ser escravo de idéias preconcebidas e nem pode se fechar num mundo elitista. Para "tocar" as pessoas, para se comunicar com seus semelhantes, o verdadeiro artista, às vezes, utiliza a intuição, não só para "acessar" seu próprio inconsciente individual, mas também o inconsciente coletivo da espécie humana, povoado por figuras míticas, símbolos e formas, e que é motivo de estudos na psicanálise.

Nenhum comentário:

Postar um comentário