terça-feira, 18 de março de 2014

CINEMA E ROUPA: EMOÇÃO Á PRIMEIRA VISTA Por Ruth Joffily

     Certa vez, numa entrega do Oscar, para demonstrar a importância da trilha sonora num filme, exibiram algumas sequências desligando o áudio. O resultado foi algo quase sem significado, ou pelo menos muito chato. Era o som que dava vida à imagem.
     A mesma experiência se poderia fazer no caso do vestuário. Antes que se pense que estamos a sugerir atores e atrizes desfilando nus em cena, convidamos o (a) leitor(a) a um exercício de imaginação .... Seria possível um Tarzan de bermuda expressar sua natureza metade homem, metade animal? Ou a casta "Noviça Rebelde", que vai se apaixonar pelo paternal oficial aposentado austríaco, seu patrão cantando The Sound of Music coberta (sumariamente) por um fio dental? Ou a sensual/cruel Marlene Dietrich de "Anjo Azul" com algo menos do que meias de seda preta? Ou Bela Logosi e Boris Karloff provocando arrepios de horror, não fossem as roupas escuras, as capas esvoaçantes demoníacas, o luto implícito?
     Antes mesmo de qualquer personagem abrir a boca, o (a) espectador (a) tem dele uma impressão bastante apurada, por sua maneira de vestir. Sua posição na escala social, modelo de comportamento, estado de espírito ... E a época em que se passa o filme? E a localização da história? Logo à primeira vista, o vestuário constitui-se num importante fator de rejeição/aproximação do (a) espectador (a) em relação ao personagem, e numa carga de informações fundamentais para transportá-lo (a), de imediato, para a fantasia do enredo.
     Como se sabe, o cinema começou mudo. Indispensáveis para se contar a história, portanto, eram as expressões faciais e ....os figurinos. Atores como Charles Chaplin, Greta Garbo, Glória Swanson e a dupla Hardy/Laurel (O Gordo e o Magro) fizeram do vestuário sua marca registrada. Glória Swanson com sua maquiagem exuberante, perucas e tiaras, fornecia a imagem da independência, da ousadia. Ela não sobreviveu ao cinema falado, que teve a sua estréia no fim da década de 20, século XX.

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