quarta-feira, 23 de julho de 2014

TIRADENTES E A HISTÓRIA DA MODA NO BRASIL IV




     Tiradentes lutou para que a indústria têxtil não fosse inteiramente desmantelada (como de fato acabou acontecendo) assim como lutou para que o ouro das terras de Minas Gerais não fosse enviado em estado bruto, como matéria-prima, para Portugal e para aqui retornasse apenas após ter "ganho" um design europeu.
     

     Joaquim José desejava, entre muitas outras coisas, que o Brasil tivesse uma forte indústria têxtil e que aqui se ensinassem , em escolas de qualidade, vários sérios e necessários ofícios, inclusive o de costureira, o de alfaiate, o de ourives e o de sapateiro. A maioria destes ofícios estão atualmente reunidos na área de design e conquistaram inclusive o nível superior. Temos inclusive uma faculdade de sapatos, no Rio Grande do Sul.
     Mas nos tempos de Tiradentes, toda cultura que se vestia, toda cultura que era "calçada", toda cultura que era lida, e praticamente toda música que era tocada (ouvia-se ao mesmo tempo que se via a música sendo tocada, pois era apresentada ao vivo, não existiam vitrolas e nem rádio) vinham da Europa.

     Durante mais de dois séculos, a moda do Brasil se submeteu à hegemonia do modelo importado. Tudo que vinha de fora era bom. Tudo que era aqui produzido, não prestava.
      Houve o quebra-quebra da indústria têxtil e decretos proibindo o tratamento, em curtumes, do couro nacional. Houve os editais que proibiam a criação de jóias no Brasil. O abundante ouro de Minas Gerais deveria ser embarcado para Portugal, em estado bruto. Para isto, os portugueses construíram até uma estrada que saía do interior de Minas Gerais e "desembocava" em Paraty, onde chegavam os navios portugueses.
     Bem, no que D. Maria proibiu o desenvolvimento (industrial) da estética nacional, corpos e mentes dos nobres e dos burgueses que aqui viviam, ficaram inteiramente receptivos a tudo o que vinha do exterior. Para que pensar, para que desejar fabricar aqui? Era necessário ter dinheiro (que vinha do trabalho escravo), ociosidade e prazer, para usufruir dos produtos que vinham do exterior, mais precisamente de Portugal, que, por acordo comercial, historicamente adotou a estética francesa, enquanto confiava seus tesouros aos banqueiros ingleses.


Continuarem contando história daqui a dois dias Obrigada pela atenção. E participem: enviem suas opiniões.

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