sábado, 10 de maio de 2014

"APARÊNCIA ABATIDA, OLHEIRAS - ESTÉTICA DA MODA - ONTEM/HOJE

 
"(....) Olheiras, palidez, postura cansada e uma cara de doente, porém, não estão totalmente enterradas. Na influente cultura japonesa, a estética renasceu com força, repaginada e com um novo apelido: o feio bonitinho."  (....) "Outra mania do street wear  é ainda mais radical: fazer uma maquiagem, com lápis branco e sombra prateada, ressaltando pequenas bolsas sob os olhos,como se as mulheres estivessem inchadas de tanto chorar."  (reportagem de Claudia Sarmento - caderno Ela, jornal O Globo, edição de 10 de maio - 2014)


No livro "Doença como metáfora" (editora Companhia do bolso-2007), a escritora Susan Sontag destaca a fantasia e o mito que existia em torno da tuberculose, no século XIX e inicio do século XX:   "(...) Para  esnobes, parvenus arrivistas, a tuberculosoe era um índice de ser distinto, delicado, sensível. Com a nova mobilidade (social e geográfica) que se tornou possível no século XVIII, o mérito e a posição não são dados; têm que ser certificados. Eram certificados mediante idéias novas sobre roupas ("moda") e atitudes novas com relação à doença. Tanto a roupa (a veste externa do corpo)  como a doença (uma espécie de decoração interna do corpo) se tornaram tropos de atitudes novas a respeito de si mesmo.
(....) Passou a ser rude comer com entusiasmo. Era sofisticado ter uma aspecto doentio. "Chopin era tuberculoso numa época em que ter boa saúde não era chique", escreveu Camille Saint-Saens em 1913." Era estar na moda ser pálido e debilitado;a princesa Belgiojoso vagava pelos bulevares (...) pálida como a morte em pessoa." (...) A imagem do corpo influenciada pela tuberculose foi um novo modelo para a aparência aristocrática - num momento em que a aristocracia deixava de ser uma questão  de poder e passava a ser sobretudo uma questão de imagem. ("Nunca se é rico demais. Nunca se é magro demais", disse certa vez a duquesa de Windsor.")

Nas imagens, Chopin, Kafka  (tuberculosos célebres) Kate Moss, a musa do visual "heroin chic", nos anos 90.

A moda vai e vem, morre e ressuscita. Pois como a vida não é linear. Há sempre um atalho, uma esquina, no meio do caminho.








Fotografias da top inglesa Kate Moss feitas por Corinne Day nos anos 1990.

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