quarta-feira, 21 de maio de 2014

SALVE OS ORIXÁS, SALVE A CULTURA NACIONAL!



     A revista Desfile (Bloch Editores) fez várias reportagens/produções de moda inspiradas nos orixás. Lembro-me de uma produção que trazia, nas roupas, as cores dos orixás. Na época do fim-de-ano, produzia-se várias reportagens com dicas de roupas brancas (em homenagem a Iemanjá) para o romper o ano. 
     Existe uma sincronia entre os santos da igreja Católica e os orixás, que vieram para o Brasil nos navios negreiros. 
     E o Brasil foi o último país a libertar os escravos. Daí a importância. inclusive, cultural, de se respeitar essa sincronia dos orixás com os santos católicos. Daí a importância de se respeitar a umbanda e o candomblé. O francês Pierre Verger dedicou sua vida a estudar o candomblé e a umbanda, religiões que imortalizou em lindíssimos ensaios fotográficos.
     Sim, hoje existem os evangélicos no Brasil. Mas creio que eles são inteligentes e vieram somar e não perseguir os orixás que já se banham, faz tempo, na nossa cultura popular e habitam o imaginário de muitos criadores, seja na literatura, na música, nas artes plásticas, no cinema, no teatro,  na moda, ou seja, resumindo, os orixás estão presente na arte nacional.

     Na educação brasileira foram e são muito presente as empregadas domésticas.Já afirmou o escritor e compositor Jorge Mautner que na infância ouvia os tambores da umbanda, que marcaram sua vida, graças à sua ex-babá. 
     No livro "Moda em diálogos - entrevistas com pensadores", de Tarcisio D'Almeida (editora Memória Visual, RJ - 2012) há uma entrevista do professor, pesquisador e escritor Tarcisio com a escritora e historiadora norte-americana de moda Valerie Steeele, onde ela, ao refletir sobre o desejo do novo na moda e no fetichismo  afirma: "(...) E também, pessoas da mesma geração e da mesma cultura irão optar e se submeter aos mesmos tipos de experiências empregadas, e assim, se , por exemplo, tivermos uma geração toda numa cultura que tenha grande quantidade de empregadas domésticas, como no Brasil, então você pode ter roupas de empregadas, uniformes de domésticas sendo parte do dia-a-dia das crianças brasileiras."
E, como bem lembrou o escritor Tarcisio D'Almeida, "o sociólogo brasileiro Gilberto Freyre, no livro "Modos de homem & modas de mulher", apontou as ideologias, as modas, os modismos, os costumes e comportamentos do Brasil, desde o século XIX."
     No livro "moda em diálogos" Tarcisio D'Almeida traz também uma reportagem com o antropólogo, o "guru de estilos"Ted Polhemus, que ao ser indagado se , para ele " existe um design brasileiro, mesmo nessa era de de mercados globais, ele dá a seguinte resposta: "Há 50 anos a moda vinha exclusivamente de Paris . Então Londres, Nova York e Milão entraram na cena. Hoje, estamos começando a ver uma explosão final; a sugerir que novos modelos e estilistas podem vir de qualquer parte da aldeia global. Estilistas e marcas brasileiras podem desempenhar um papel significativo nessa nova ordem, contanto que tenham confiança para seguir seus próprios instintos e sua própria cultura.Ademais , deverá haver um apoio interno no Brasil possibilitando a estilistas individuais conquistar notoriedade fora. A exemplo  do que muitos países descobriram (e a Grã-Bretanha é um perfeito exemplo disso - todos os seus estilistas trabalham fora), tudo o que se tem a fazer é educar e treinar um monte de estilistas. De importância crucial é o apoio que deverão receber depois de formados.
     É preciso mostrar ao mundo que o Brasil se encontra hoje muito bem servido quanto à criatividade e excelência em moda, e que nenhum estilista, nem mesmo grife alguma, tomada individualmente, pode fazer esse trabalho sozinha." 
     Com o fim dos grupos de moda (focalizo o pioneirismo do Grupo Moda Rio)  temos talentos individuais lutando, sozinhos. Aqui destaco a camiseta "Eu 'curto" macumba" do estilista carioca Beto Neves,  numa imagem que compartilhei do facebook.











https://www.youtube.com/watch?v=eQdH3dMkENM










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