segunda-feira, 26 de maio de 2014

HISTÓRIA DO SUTIÃ - SEGUNDA PARTE







     Quando surgiu o primeiro sutiã? Esta peça que hoje faz parte do nosso dia-a-dia, não tem data certa de nascimento. E nisto demonstra que possui uma natureza feminina, pouco agarrada à cronologia, talvez porque possua, dentro de si, outros ciclos, outras passagens de tempo ...!


   
     Mas é certo que a palavra sutien-gorge, que significa amparo para os seios, entrou para os dicionários franceses em 1904. É possível que a palavra tenha nascido antes da peça em si, pois a Enciclopédia Francesa do Costume e da Moda, o sutiã surgiu em data posterior.
     Alguns autores da história da moda apontam Herminie Cadolle, uma comerciante francesa como a criadora do sutiã. Em 1889 - ano em que no Brasil era proclamada a República - Herminie Cadolle cortou a parte de cima do seu espartilho. Posteriormente, em 1912, ela teria desenvolvido uma peça que sustentava os seios.
     Para outros autores, o criador do sutiã é o estilista francês Paul Poiret, que iniciou uma revolução na moda em 1908. Nesse ano, Poiret começou a desenhar vestidos longos com a cintura alta, corte logo abaixo do busto, e com mangas e saias detalhadas por drapeados, pregas, ou seja, um panejamento que tinha um quê dos trajes gregos. Para acompanhar este novo estilo, Poiret teria inventado o sutiã.
     É necessário recuar um pouco na história para entender a audácia deste estilista francês. E fazendo isso, vamos registrar que as mulheres, no inicio do século XX. ainda estavam presas às anáguas com enchimento (feitas para substituir a crinolina), uma armação que forçava a roupa para a parte de trás. Estas anáguas deixavam a mulher em forma de uma letra S, bem arribitada e represavam os movimentos. Um parênteses: na década de 70 havia, no Brasil, um anúncio de jeans que dizia: "barriguinha para dentro, bumbum para fora". Pois bem, era isto que estas anáguas , aliadas ao espartilho, faziam.
     E Paul Poiret, com seus vestidos soltos, de cintura alta, trouxe um pouco de liberdade à silhueta feminina. Seu estilo foi muito difundido por atrizes e dançarinas como Isadora Duncan. Uma parcela substancial da população feminina não aderiu de cara às inovações de Poiret, consideradas muito arrojadas. E também não passaram a usar o sutiã. O espartilho ainda persistiu por algum tempo.
     Mas há uma terceira versão para o surgimento do sutiã. Esta terceira versão, retirada de uma enciclopédia de moda norte-americana, diz, é lógico, que foi a comerciante (norte-americana) Mary Jacob quem primeiro patenteou o "bra" - palavra que vem do francês brassiére . 
     Este primeiro "bra" foi feito de dois lenços de seda e tinha alças e mais duas tiras que se amarravam nas costas. O desenho se assemelha às nossas atuais blusas de frente-única. O modelo criado por Mary Jacob foi patenteado em 1914
     Seja qual for a versão da palavra -"bra" ou sutiã -  uma coisa é certa: ela possui origem francesa.
     Mas o uso do sutiã  só foi mundialmente difundido após a Primeira Grande Guerra, que provou que nada neste mundo é intocável, pois a tradição não impediu que o mundo caísse no abismo e que a Europa fosse cenário de uma selvagem luta genocida como se tivesse voltado aos tempos da barbárie. Era o fim da "Belle Époque". Era o fim do espartilho.

(texto que fiz para o site WMulher, publicado na primeira década do século XXI)




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