quinta-feira, 12 de junho de 2014

EDITANDO FICÇÕES; AS IMAGENS NAS REVISTAS - PARTE I



     Produção de moda não é documentário, é ficção. No momento em que se busca compor elementos numa estética realista,o resultado são fotos sem atrativo,secas, rígidas e caricaturais. O importante é, sobretudo, a coerência dos elementos utilizados para criar verossimilhança.
     

     Há produções em que a ficção é mais evidente: não se vê a roupa em destaque; percebe-se mais o clima, a densidade das cores. Nas fotos, se insinuam estilos de vida, comportamentos, estimulam-se desejos (de romantismo, de sucesso material, de consumismo, de desempenho, de poder, etc). 
     Em outras produções, a roupa está em primeiro plano e o clima da foto pode ser composto de forma a não se destacar. Em ambos os casos, há uma composição de elementos, o esforço para se interpretar uma situação real - o efeito de verosimilhança - pela coerência interna.
     Na Escola de moda Cândido Mendes, para refletir sobre a questão de estilo, coloquei para as minhas alunas duas sequências diversas: na primeira uma seleção de música cantadas pelos Beatles e, a seguir, por Sarah Vaughan; na segunda, uma fita do Cartola e outra do Ney Matogrosso executando as mesmas composições. As diferenças foram marcantes, determinando, com as interpretações, a mudança de nossa percepção.
     Em capítulo do livro "Jornalismo e Produção de Moda", editado pela Nova Fronteira, transformei em teoria as aulas práticas que recebi durante mais de duas décadas do jornalista Roberto Barreira, falecido em 4 de novembro de 2002, a quem eu dedico esta reflexão a respeito de produção das imagens nas revistas.

(Continuarei  amanhã, dia 13/06/2014 - Obrigada pela atenção)


 





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