sexta-feira, 20 de junho de 2014

O CORPO FEMININO - O MITO DA BELEZA - A IMAGEM






"Quanto mais numerosas foram os obstáculos legais e materiais vencidos pelas mulheres, mias rígidas, pesadas e cruéis foram as imagens da beleza feminina a nós impostas (...)"

"Durante a última década, as mulheres abriram uma brecha na estrutura do poder. Enquanto isso, cresceram em ritmo acelerado os distúrbios relacionados à alimentação, e a cirurgia plástica de natureza estética veio a ser tornar uma das maiores especialidades médicas. (...)"

"Pesquisas recentes revelam com uniformidade que em meio à maioria das mulheres que trabalham, têm sucesso, são atraentes e controladas no mundo ocidental, existe uma 'sub-vida' secreta que envenena nossa liberdade: imersa em conceitos de beleza, ela é um escuro filão de ódio a nós mesmas, obsessões com o físico, pânico de envelhecer e pavor de perder controle."

"Alucinação moderna que prende as mulheres, ou na qual elas mesmas se prendem, é da mesma forma cruel, rígida e adornada de eufemismos. A cultura contemporânea dirige a atenção para as metáforas da donzela de ferro enquanto censura o rosto e o corpo das mulheres de verdade."

 (Acima, trechos do livro "O mito da beleza" de Naomi Wolf que a ex-aluna Aline Valadão utilizou para pensar sobre "o vestuário feminino: da regra à indefinição, na disciplina Moda e estudos da indumentária 2 - que eu ministrei no curso de pós-graduação em moda da Universidade Estácio de Sá, coordenado por Regina Moura).

     Nos anos 60, a liberdade sexual foi uma questão política. Hoje podemos tudo, desde que não prejudique o desempenho e a produção. Estamos virando coisas. Precisamos aprender amar de novo as pedras, as arvores, as nuvens, até chegarmos a nós mesmas. 
     Para a professora Nizia Vilaça há, nas imagens, uma redução de tudo ao fator sexual, ou seja, existe uma tediosa predominância da motivação sexual nos corpos veiculados nas revistas femininas, nos corpos veiculados nos canais de televisão e em muitos sites da internet.
    Devemos pensar em como conseguir multiplicar, pluralizar as imagens a fim de não ficarmos sujeitas à essa moda tarada: "já estou cansado de ver tanto fetiche, tanta bunda, tanta simulação de sexo explícito nos editoriais e publicidade de moda, afirma o estilista e escritor Marco Sabino que indaga: "Quanto tempo essa onda sexual obsessiva vai durar na moda nacional?"
     Enquanto isso, Rio de Janeiro e São Paulo têm o privilégio de produzir todas as imagens de revistas femininas e também imagens de televisão e cinema que o resto do país vai assistir.  Padrões importados do sudeste, padrões de comportamento, padrões de gesticulação, padrões de fala, padrões de postura, padrões corporais são ditados pelo sudeste para um país que mais parece um continente.


   (Como numa colcha de retalhos, os trechos do livro de Naomi Wolf podem se relacionar com o trecho da reflexão acima, por mim escrita para uma aula da professora Nizia Vilaça , da UFRJ. Em pauta, a questão do corpo feminino, pós movimento feminista)





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