segunda-feira, 30 de junho de 2014

VISTA-SE COMO VOCÊ É - GORDINHA




    Depois da consagração da modelo Twiggy, fato que ocorreu nos anos 60 do século XX, as mulheres cheiinhas nunca mais tiveram sossego. Delas é cobrado, o tempo todo, um corpo longilíneo, magro, com poucas curvas e sem barriga. Ostentar algumas gordurinhas localizadas, jamais.
    


      Daí que as academias de ginástica, os consultórios de cirurgiões que realizam lipoaspirações (está na moda a lipoescultura) são muito procurados.
     Afinal, por que será que as cheiinhas vivem sob pressão? Sempre foi assim? O que elas podem fazer para melhorar o visual, sem ter que recorrer às cirurgias (caras) plásticas, numa época em que há pouco dinheiro no bolso?
     As pressões sobre as cheiinhas atendem a um padrão estético vigente, onde elegância rima com magreza. Mas saibam que nem sempre foi assim.
     No século XIX e mesmo durante as primeiras cinco décadas do século XX, as cheiinhas representavam o padrão de beleza vigente.
     Minhas avós Maria (que era chamada de Marieta) e Clotilde costumavam dizer que no tempo delas gordura era sinônimo de formosura. Na época das minhas avós, bebês magros, sem dobras nos braços, sem dobras nos pulsos, sem dobras nas pernas, era um bebê doente ...! E as mulheres bonitas também eram cheiinhas e tinham, inclusive, fartos quadris e até uma (nem tão discreta) barriguinha, e as coxas eram grossas ...!
     Não é preciso puxar muito pela memória para lembrar do visual, da estética de Marta Rocha, que perdeu o concurso de Miss Universo por ter algumas polegadas a mais nos quadris. Perdeu nos E.U.A mas foi consagrada no Brasil e  seu nome e sobrenome viraram sinônimo de beleza.
     Atualmente, para melhorar o seu visual, a cheiinha necessita se conhecer melhor e deixar de ser uma 'espécie envergonhada'. Também precisa deixar de ser uma crítica de si mesma, parar de se olhar com muito rigor, e passar a ter mais intimidade com o seu próprio corpo, a fim de poder ter noções precisas sobre proporção, modelagem e cores que a favorecem. Trocando em miúdos, a cheiinha necessita se respeitar como é.
     O se aceitar é o primeiro passo para mudanças. O se conhecer é importantíssimo, pois o auto conhecimento gera maior intimidade com o próprio corpo, gera, enfim, o aprender a aceitar as limitações a fim de poder, posteriormente, vencer tais limitações.
     As cheiinhas necessitam fazer delas as palavras da imortal estilista francesa Coco Chanel: "Eu sou a minha primeira e única modelo." E que tenham coragem de ir contra a correnteza dos modismos sendo, finalmente, donas dos seus próprios corpos, consumindo apenas estilos que respeitem e valorizem seus tipos físicos.
    (texto que escrevi para o site WMulher, na última década do século XX)   
     

Nenhum comentário:

Postar um comentário