domingo, 15 de junho de 2014

HISTÓRIA, LIVRE PENSAR - O EXISTENCIALISMO E O NEW LOOK




    Existencialismo: corrente filosófica que se transformou num excelente marketing, alimentado pelas agências de turismo. Paris era uma festa: havia uma animação extra-filosófica muito insuflada pela imprensa. O existencialismo rescendia em tudo, inclusive na moda.


     As mulheres adeptas do movimento adotam o new look criado pelo estilista Christian Dior, que revolucionou a moda com as suas linhas femininas: cinturas finas, saias amplas e fartas que iam (bem) abaixo dos joelhos. Nada mais coerente que o new look se transformasse no 'estilo' existencialista, pois coube a Dior sepultar as formas duras, os uniformes secos que as mulheres vestiam durante a Segunda Guerra Mundial, reflexo da influência norte-americana no dia-a-dia europeu. E coube ao existencialismo reafirmar a importância da intelectualidade européia. Os dois movimentos (o new look e o existencialismo) conseguiram ressuscitar a França como o país irradiador de cultura.

     Numa análise simplista diz-se que os existencialistas pregavam a ausência de futuro. Na verdade, a corrente filosófica liderada pelo escritor francês Jean-Paul Sartre pregava o descompromisso do homem com as situações, ou seja, a cada momento o ser humano se redefine, sem os preconceitos do rigor religioso, filoófico, político ou moral, o que lhe dá condições de optar de acordo com as circunstâncias. Em poucas palavras, o existencialismo prega é a liberdade do ser humano. Não é a sua preparação intelectual, religiosa ou até profissional que vai norteá-lo diante de um fato concreto. Toda essa teoria, presente na trilogia "Caminhos da Liberdade", de Jean-Paul Sartre (formada por três volumes: Idade da Razão, Sursis e com a Morte na Alma) inundou os bares, bistrôs e "caves" existencialistas que se multiplicaram por toda Paris, não mais se limitando às fronteiras do Saint-Germain-de-Prés, bairro que abrigou os primeiros participantes do movimento. Foi lá que Juliette Greco começou a cantar. Apoiada por Sartre, transformou-se na musa dos existencialistas.
     Outra presença feminina marcante foi Anouk Aimée, na época uma adolescente casada com o grego Nico, proprietário do cabaré  La Rose Rouge, onde se dançava, fazendo acrobacias incríveis, o boogie-woogie, ritmo que era uma imitação (caricata) da dança dos soldados norte-americanos remanescentes da guerra. Era a busca de liberdade total, o que também influenciou o visual masculino. Calças pretas, camisa em xadrez escocês ou então, grossos pulôveres de gola enrolada: este era o estilo dos participantes e simpatizantes do movimento surrealista, assíduos 'leitores' das paredes dos bares onde havia inscrições copiadas de peças e romances de Jean-Paul Sartre, que refletiam o estado de espírito da juventude: A existência precede a essência.
























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