quarta-feira, 25 de junho de 2014

SALVE CARMEN MIRANDA! SALVE TODAS AS MULHERES QUE TRADUZEM O SEU JEITO DE SER NO GUARDA-ROUPA














     O estilo consagrado por Carmen Miranda inclui: barriga de fora, fendas nas saias, muitos balangandãs (inclusive muitos colares), babados, pulseiras e nos pés, as sandálias e/ou sapatos com plataforma.
     


     Vira e mexe o estilo criado pela cantora, entra na moda. 
Quem já se inspirou em Carmen Miranda: A marca H. Stern lançou, creio que em 2005, uma coleção com 48 jóias inspiradas em Carmen.
     A mostra "Carmen Miranda para sempre", coordenada por Kitty Monte Alto, apresentou no MAM - Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - ( também em 2005) 700 peças da coleção com fotografias, posteres, trechos de filme, discos. Mereceram destaque as jóias, sapatos, roupas. Havia modelos originais do Museu Carmen Miranda e do acervo da familia. Alguns estilistas foram convidados para criar e/ou recriar roupas que lembram a mulher estonteante/esfuziante, que tinha 1.54 cms de altura. 
     Por ser "baixinha" usava e abusava das plataformas e do turbante na cabeça - artifícios que utilizava para "crescer" de tamanho.
     Marília Pera que interpretou Carmen Miranda em 1962 e em 1972 voltou a encarnar Carmen, mais uma vez, na primeira década do atual século. 
     Marilia conta que a terceira 'performance' começou a nascer em Paris, quando interpretava a estilista Coco Chanel em peça homônima. 'Lá eu conheci  um fantástico chapeleiro que fez, para mim, um chapéu no estilo da Carmen'.  Os figurinos da peça foram assinados por Fábio Namatame.
     Em 2005, com 62 anos, a atriz se mantinha (e se mantém até hoje) magra e com muito fôlego. "Carmen era um foguete (...) ainda mais com aqueles saltões plataforma", afirmou Marilia Pera.
     De acordo com o escritor Ruy Castro  em entrevista para Ana Vigier Ibañez, "pouco importa se Carmen não nasceu no Brasil. Gato que nasce em forno não é biscoito. É gato mesmo. E Carmen nasceu em Portugal, mas ninguém foi mais brasileira e carioca do que ela. Carmen desmoralizou aquela história, que era ensinada nas escolas (sic)  que o 'brasileiro é fruto de três raças tristes: índio, português e negro. Começa que português não é raça e sim uma etnia. E a 'portuguesa' Carmen dedicou-se ao samba, uma música forte, herança negra. E através do samba descobriu a alegria brasileira."
   Carmen Miranda, nascida em 9 de fevereiro de 1909 gostava e muito de costurar. Ela mesma fazia, em noites de insônia, muitas das roupas que vestia no palco. Apelidada pelos norte-americanos de "Brazilian Bombshell", ela iniciou a sua trajetória nos EUA em 1940 . Fez tanto sucesso que teve réplicas dos "seus balangandãs e seus vestidos colocados à venda na Saks  Fifth Avenue.
     No Brasil, a marca de moda praia Salinas, lançou no verão 2006, uma coleção inspirada em Carmen Miranda. O tema foi sugerido pelo escritor Ruy Castro à estilista Jacqueline De Biase. "A história dela é bastante forte e fascinante. Colocamos, na época, na passarela uma releitura contemporânea do mito", afirmou Jacqueline. Entre as referências à cantora, havia estampas com o rosto dela, Carmen, cartões postais do Rio de Janeiro, além de babados, turbantes estilizados e uma infinidade de penduricalhos. Na passarela  havia uma  instalação, criada pelo cenógrafo Albert Renault, com 40 toneladas de bananas verdes, que posteriormente foram doadas ao programa de merenda escolar da prefeitura carioca.
      Carmen Miranda, assim como Leila Diniz, é um mito. Carmen inventou a plataforma, consagrou o estilo com barriga de fora, generosas fendas nas saias,  brincos pingentes,  colares, pulseiras, um estilo 'barroco' que até hoje encontramos no guarda-roupa de milhares de brasileiras. E vale destacar o "bocão" ou melhor dizendo, a boca de Carmen Miranda que geralmente era realçada pelo batom na cor vermelha! 
     Coube à Leila Diniz liberar a barriga das grávidas. A partir de Leila, gravidez deixou de ser uma 'doença'. Portanto, com licença da escritora Mirian Goldenberg, há milhares de brasileiras que são um  pouco Leila Diniz (barrigas de grávidas à mostra, grávidas de biquini, etc) e também há as que são um pouco  Carmen Miranda (sandálias e sapatos com plataformas e um estilo "barroco" de ser). E tudo junto e misturado: há muitas que unem o estilo da Carmen Miranda com o estilo da Leila Diniz. Salve, salve!!
      
    
 Bibliografia:  a excelente monografia de Ana Vigier Ibañez, com texto e tom coloquial, que qualquer pessoa consegue ler , ou seja, não é um texto restrito ao meio acadêmico.  E mais: a biografia de Carmen Miranda escrita pelo jornalista Cássio Barsante (que foi redator da revista Desfile, Bloch Editores, e assistente do Roberto Barreira); "Carmen, uma biografia" de Ruy Castro, editora Companhia das Letras, São Paulo, 2006; "O it verde amarelo" de Carmen Miranda", escrito por Tânia da Costa Garcia, Annablume, São Paulo,2006. 
 Há o filme "Banana is my Business" de Helena Solberg. 

Sobre Leila Diniz, que é citada no texto, há "Toda mulher é meio Leila Diniz" de Mirian Goldenberg, edições Bestbolso, Rio de Janeiro, 2008 e "Leila Diniz" por Joaquim Ferreira dos Santos, na coleção Perfis Brasileiros, da editora Companhia das Letras, São Paulo, 2008. 
     Abaixo, algumas páginas da monografia "A Pequena Notável renasce pelo poder da mídia no século XXI", de Ana Virgier Ibañez, trabalho de conclusão da pós graduação em produção de moda (stylist) da Universidade Veiga de Almeida/Instituto Zuzu Angel.













Nenhum comentário:

Postar um comentário